Sorte de Lula subiu no telhado

Ricardo Noblat

A sorte de Lula subiu no telhado com a prisão, pela Operação Lava-Jato, do empresário José Carlos Bumlai, que estava pronto em Brasília para proclamar sua inocência diante de senadores e deputados da CPI do BNDES.

Até aqui, de todos os envolvidos com a roubalheira na Petrobras, Bumlai é quem mais aproxima Lula da Lava-Jato. É suspeito de ter-se beneficiado de negócios com a empresa para ajudar uma nora de Lula e pagar dívidas da campanha de Lula à reeleição em 2006.

Depois de Bumlai, a levar-se em conta o que já foi descoberto, somente algum malfeito praticado por um dos filhos de Lula será capaz de fazer a sorte de o ex-presidente despencar do telhado. Salvo o surgimento de um fato novo, o que não deve ser descartado.

Irônico e revelador o nome dado pela Polícia Federal à 21ª. Fase da Lava-Jato – “Passe livre”. Enquanto Lula presidiu o país, Bumlai foi o único brasileiro contemplado com um passe que lhe dava acesso a qualquer momento ao gabinete mais poderoso da República.

 

Havia na portaria do Palácio do Planalto um aviso que dizia assim:

“O sr. José Carlos Bumlai deverá ter prioridade de atendimento na portaria Principal do Palácio do Planalto, devendo ser encaminhado ao local de destino, após prévio contato telefônico, em qualquer tempo e qualquer circunstância”.

Que amigão de Lula era esse a desfrutar de privilégio só concedido a dona Marisa, a primeira-dama? Ao notar que a Lava-Jato se avizinhava de Bumlai, Lula, outro dia, disse em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, do SBT:

— Se ele (Bumlai) teve situação indevida, vai ficar provado. Nem tudo que delator fala tem veracidade. É preciso que a gente não dê um voto de confiança ao bandido e um voto de desconfiança ao inocente.

No caso, o delator era Fernando Baiano, ex-operador do PMDB, que comprometeu Bumlai com o que contou ao juiz Sérgio Moro. O inocente, Bumlai. Mais recentemente, Lula tem repetido entre seus confidentes que Bumlai, na verdade, não é tão seu amigo assim.

Compreensível. Sempre que se vê em perigo, Lula tira o seu da reta e entrega quem o ameaça. Entregou José Dirceu para escapar do mensalão. Entregou Antonio Palocci para escapar do escândalo em torno do uso da Receita Federal que prejudicou um caseiro.

Entregou os aloprados, funcionários de sua campanha à reeleição, e responsáveis pela montagem de um falso dossiê para incriminar candidatos do PSDB – entre eles José Serra e Geraldo Alckmin. Lula é assim – o que fazer? Falta-lhe, digamos, sentimento de culpa.

Falta-lhe, também, um pingo de coerência. Já pediu desculpas aos brasileiros pelo mensalão. Vive a dizer que o mensalão nunca existiu. Na semana passada, no congresso da juventude do PT, disse que as acusações que pesam contra o PT não passam de “teses”.

Lula é honesto. Honestíssimo. Em tese.

Cartão vermelho Lula (Foto: Arte: Antonio Lucena)(Arte: Antonio Lucena)

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