Em pronunciamento, Michel Temer afirma que sofre ataque “injurioso e infamante”

Presidente da República diz ainda que denúncia ao Supremo é resultado da delação de “bandidos” que, para escapar da prisão, criaram “trama de novela” e saíram impunes

Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
Autoridades - Direito e Justiça - Presidente Michel Temer faz pronunciamento sobre denúncia da Procuradoria geral da República ao lado de parlamentares da base governista
O presidente Michel Temer durante o pronunciamento, cercado de aliados

Em pronunciamento na tarde desta terça-feira (27), Michel Temer contestou a denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Cercado por aliados, afirmou que a peça carece de fundamento jurídico e disse que está sofrendo um ataque “injurioso, indigno e infamante” à sua dignidade pessoal.

“Fui denunciado por corrupção passiva, sem jamais ter recebido valores, nunca vi o dinheiro e não participei de acertos para cometer ilícitos. Onde estão as provas concretas de recebimento desses valores? Inexistem”, declarou Temer.

Sem abrir espaço para perguntas de jornalistas, Temer disse ainda que as acusações são resultado da delação de “bandidos” que, para escapar da prisão, criaram “trama de novela” e saíram impunes.

O presidente também citou um ex-assessor de Janot, Marcelo Miller, que deixou a Procuradoria-Geral da República (PGR) para atuar em escritório de advocacia que defende os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do grupo J&F – que controla o frigorífico JBS e outras empresas.

“Ele foi trabalhar para essa empresa e ganhou milhões em poucos meses. Garantiu um acordo benevolente, que tira seu patrão das garras da Justiça, que gera impunidade nunca antes vista”, afirmou Temer, em referência a Miller. “Tudo assegurado pelo procurador-geral”, disse. “Mas tenho responsabilidade, não farei ilações.” Em nota, divulgada após o pronunciamento, Janot negou irregularidades envolvendo o ex-assessor.

Defesa no Plenário
Vice-líder do governo, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), um dos parlamentares que acompanham o pronunciamento do presidente da República, assumiu no Plenário da Câmara a defesa de Michel Temer. Ele cobrou ainda investigação da conduta do ex-procurador da República Marcelo Miller.

“Não se grava padre, não se grava amigo e não se grava o presidente da República. Esta fita tem enormes erros de sintonia, não tem valor jurídico. Rodrigo Janot, que tinha largado a roupa de petista, perdeu-se de novo e politizou a PGR. Está lá agindo para Lula voltar”, disse.

Perondi ressaltou ainda que Temer tem apoio parlamentar para continuar no poder. “No Planalto, hoje, havia mais de 130 deputados. Não está isolado, fala com os deputados, não fica escondido. Isso irrita a oposição”, disse.

Gravações e delação
A denúncia de Janot contra Temer está baseada em gravações e na delação premiada dos irmãos Batista. Eles fizeram acordo com a PGR, homologado pelo ministro Edson Fachin, responsável no STF pela Operação Lava Jato. Fachin também autorizou a abertura de inquérito.

É a primeira vez que um presidente da República, no exercício do cargo, é acusado de crime comum. Neste caso, segundo a Constituição, o julgamento cabe ao STF, mas o processo só pode ser aberto se houver autorização do Plenário da Câmara dos Deputados – é necessário o apoio de pelo menos dois terços dos parlamentares (342 votos).

Ainda com base nas gravações e na delação, Michel Temer ainda pode ser denunciado ao STF por obstrução de Justiça, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Em seu pronunciamento, o presidente disse que o fatiamento das acusações tem a intenção de parar o governo e o Congresso.

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