Adelmir Santana
Presidente da Fecomércio-DF, entidade que administra o Sesc, o Senac e o Instituto Fecomércio no Distrito Federal.
Hastearam uma bandeira preta no coração de Brasília. E ela não é símbolo de luto ou protesto. É um sinal da desordem, do tráfico e da sonegação. Significa que a capital do País foi tomada mais uma vez pela pirataria. Hoje, os vendedores piratas estão presentes nos principais centros comerciais brasilienses.A falta de fiscalização e a inoperância do Estado são tamanhas que os camelôs sequer se intimidam ou se envergonham dos seus atos ilícitos. A situação é tão crítica que podermos afirmar que essa é a maior invasão de camelódromos da história recente do Distrito Federal.
No Setor Comercial Sul, o Comércio ilegal ocorre na frente de um posto da Polícia Militar e ao lado de centenas de empresas estabelecidas regularmente.Agora, imagine a cena: um pequeno empresário chega para abrir a sua loja, pela qual ele paga taxas, encargos e os mais variados impostos, e ao seu lado um camelô improvisa uma arara e começa a vender mercadorias pelas quais ele não paga nada para o Estado. Isso não é nem concorrência desleal, é concorrência predatória. A mesma cena se repete em frente aos shoppings populares, nas principais paradas de ônibus e estações de metrô e nos centros das regiões administrativas.
Por trás da pirataria, não estão pessoas trabalhadoras, como muitos tendem a fantasiar. Essa bandeira preta esconde complexas organizações criminosas. Ao contrário do empreendedor, o pirata não gera emprego e receita para o governo.Na sua quase totalidade, eles vendem um produto falsificado, produzido em fábricas clandestinas ao redor do mundo a partir do uso de mão de obra escrava. Essas mercadorias entram nos países de forma ilegal, acompanhadas do tráfico de drogas, armas e seres humanos. É isso que esse Comércio alimenta. De acordo com a Receita Federal, os prejuízos causados pelo contrabando, o descaminho e a pirataria alcançam em torno de R$ 100 bilhões por ano no Brasil. Quem compra produto pirata se associa ao crime.O governo que deixa isso acontecer, também.