PM estima 35 mil manifestantes na Marcha das Margaridas

12/08/2015 10h00 – Atualizado em 12/08/2015 15h36

Marcha das Margaridas fecha quatro de seis faixas no sentido Congresso

Mulheres deixaram o estacionamento do Mané Garrincha por volta das 9h.
PM estima 35 mil manifestantes; grupo pede mais políticas para o campo.

Do G1 DF

Trabalhadoras rurais realizaram na manhã desta quarta-feira (12) uma passeata entre o Estádio Mané Garrincha e o Congresso Nacional em protesto por mais educação e mais políticas públicas para o campo. A manifestação, conhecida como Marcha das Margaridas, ocorre de quatro em quatro anos. Por causa do evento, o trânsito na área central de Brasília sofreu alterações.

O grupo deixou o estacionamento do estádio por volta de 9h. De acordo com a Polícia Militar, 35 mil pessoas participavam da marcha. Para os organizadores, havia 70 mil na manifestação. Quatro das seis faixas da N1 foram fechadas, e o grupo seguiu na contramão na direção da Praça dos Três Poderes.

Uma das coordenadoras do movimento, Carmen Foro disse considerar o evento “um dia para a história do Brasil”. “São companheiras com muita consciência de classe. Mulheres com muita força que vêm de todos os cantos de um país continental.”

O ato reúne manifestantes de todo o país. Na pauta também estão o combate à pobreza, o enfrentamento à violência contra as mulheres, a defesa da soberania alimentar e nutricional e a construção de uma sociedade sem preconceitos, sem homofobia e sem intolerância religiosa.

São companheiras com muita consciência de classe. Mulheres com muita força que vêm de todos os cantos de um país continental”
Carmen Foro, uma das coordenadoras do movimento

A quebradeira de coco Irani Alves, do Tocantins, contou ser terceira marcha da qual participa. “Andamos aqui sem cansar. Estamos aqui para fortalecer nossa luta.”

Trânsito
De acordo com o Batalhão de Policiamento de Trânsito, apenas as duas da direita estarão livres – possibilitando o acesso à L2 e à W3 Norte, além do Eixão. O único ponto de interdição total da N1 ocorre em frente ao Estádio Nacional Mané Garrincha, ponto de partida da marcha.

A alternativa para os motoristas é contornar a arena pelo autódromo e retornar pela pista entre o ginásio Nilson Nelson ou o Tribunal de Contas. Também é possível passar pela DF-010, em frente à sede do Detran, ou atravessar o Setor Militar Urbano e voltar na altura da Catedral Rainha da Paz.

Manifestantes com faixa durante marcha na Esplanada dos Ministérios (Foto: Gabriel Luiz/G1)
Manifestantes com faixa durante marcha na Esplanada dos Ministérios (Foto: Gabriel Luiz/G1)

A via S1, que recebe um maior fluxo de motoristas no início do dia, ficará livre para os carros no horário de trânsito mais intenso, mas será bloqueada enquanto as manifestantes contornam o Congresso Nacional pela Praça dos Três Poderes. O trânsito deve começar a ser normalizado dos dois lados do Eixo Monumental quando as camponesas estiverem aglomeradas para um ato no gramado.

É a primeira vez que a professora de Parintins Nina Cabral vem a Brasília. “É um pouco longe, mas vale a pena porque quero lutar para que mulheres sejam autônomas e reconhecidas.”

Não foram só mulheres que integraram a marcha. Diretor de sindicato em uma cidade do interior de Pará, Valdir Lima também defende a luta por igualdade. “Isso é paridade. Se não fossem as mulheres, não haveria os homens. Hoje somos todos margaridas”, disse.

A marcha foi atrativa também para ambulantes que se instalavam ao longo do Eixo Monumental. O vendedor de chapéu Márcio Costa conseguiu lucrar R$ 500 vendendo os acessórios personalizados para o público feminino, com lacinhos e fitinhas cor de rosa. “Já vendi mil chapéus. Foi uma ótima ideia porque todo mundo pede aqui”, contou empolgado.

Participantes de marcha na Esplanada pegam água em caminhão de apoio (Foto: Gabriel Luiz/G1)
Participantes de marcha na Esplanada pegam água em caminhão de apoio (Foto: Gabriel Luiz/G1)

Por outro lado, o negócio de gelados ainda demorava a decolar pela manhã. “Aqui tem muito vendedor de picolé juntos. Não deu para lucrar muito ainda, não”, lamentou o ambulante Pedro Neto, esperando que o movimento melhore após o almoço.

A manifestação está prevista para terminar às 14h, segundo a Polícia Militar. Quatro batalhões, além da própria Polícia Legislativa, foram mobilizados, segundo o tenente Heli Araújo. “É um evento tranquilo que acontece há cinco anos aqui. Estamos atentos a infiltrantes que se aproveitam do ato, mas por enquanto não há nenhuma ocorrência.”

Margaridas no Senado
O Senado vai liberar a entrada de 200 mulheres integrantes da marcha para participar de uma sessão solene nesta quarta-feira.

O retorno para o Mané Garrincha ocorrerá gradualmente, a bordo dos ônibus que trouxerem as “margaridas” ao DF, o que deve ocorrer por volta das 12h30. Mesmo com toda a estratégia, o batalhão recomenda que os motoristas evitem circular pela zona central da cidade. “A população pode dar preferência ao transporte público, e precisa ter paciência”, diz o chefe de operações do batalhão, major Sérgio Roballo.

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