Servidora de cartório de Sobradinho é homenageada após celebrar 50 mil casamentos
Servidora de cartório de Sobradinho é homenageada após celebrar 50 mil casamentos
Ideia partiu dos colegas de trabalho e do tabelião oficial do cartório, Geraldo Felipe de Souto, para eternizar relação de dona Tanya com o trabalho
Amor, bonita, danada… Quem passa pela escrevente autorizada do 2º Ofício de Registro Civil e Notas e Títulos e Documentos de Sobradinho, Sebastanya Isabel Araújo dos Santos, 69 anos, recebe um apelido carinhoso. Nos corredores, todos são cumprimentados pela pernambucana. Dona Tanya trabalha no cartório há 40 anos e já casou cerca de 50 mil pessoas. A dedicação pela profissão foi reconhecida pelos colegas de trabalho e pelo atual tabelião oficial, Geraldo Felipe de Souto. Na próxima semana, a sala de casamentos do local será batizada com o nome de Sebastanya.
Durante todo esse tempo no cartório, dona Tanya acumulou centenas de histórias. “Já casei homem com mulher, homem com homem, mulher com mulher e cinco vezes o mesmo casal. Na última vez que eles vieram aqui, disse que não casaria mais eles. Ora, o relacionamento tem que ter diálogo”, aconselha.
A escrevente veio para Brasília em 1974. Em Pesqueira (PE), sua cidade natal, ela trabalhava também em um cartório, mas como escrevente do crime. Após perder um filho de 3 anos por causa da meningite, Tanya e o marido decidiram recomeçar a vida na capital do país.
O casal, então, desembarcou em Sobradinho, cidade que dona Tanya escolheu para criar seus outros dois filhos e que a recebeu de braços abertos. “Gosto muito de morar aqui. Para mim, é a melhor cidade do DF”, aponta. Ela recorda que, quando chegou no quadradinho, fez uma entrevista no Cartório do 3º Ofício de Notas e Protesto de Títulos de Brasília. Três dias após o encontro, a escrevente foi chamada para uma reunião. “Me perguntaram: pernambucana, escolhe seu chefe aí. Como eu nunca havia tido uma chefe mulher, escolhi a única que estava na sala. E você acredita que o cartório dela era em Sobradinho?”, descreve.
Assim que chegou ao cartório, dona Tanya trabalhou na seção de reconhecimento de firma. “Não gostei. Não era a minha praia”. Ela foi transferida para o registro civil e segue na função. Entre 2000 e 2004, foi nomeada tabeliã e passou a responder pelo cartório .
A escrevente adora registrar o nascimento de crianças e casamentos, mas revela que tem duas coisas que não gosta na profissão: “Fazer óbito e interdição – registro de uma pessoa considerada civilmente incapaz de cuidar dos próprios interesses. Não gosto do morto morto e nem do morto-vivo”.
Quando questionada sobre a aposentadoria, a pernambucana não hesita: “Enquanto eu for útil, continuarei aqui firme e forte. Consegui carro, casa… Tudo que um pobre sonha em ter”. O tabelião responsável pela homenagem explicou que nada seria mais justo do que batizar a sala de casamentos com o nome de Sebastanya. “Ela dedicou toda uma vida por esse lugar”, finaliza Geraldo Felipe de Souto.Fonte: Site Metrópoles