Nesta semana, ela visitou os gabinetes ou telefonou para os deputados que conta como favoráveis ao texto, que será votado em segundo turno
Por Millena Lopes / millena.lopes@jornaldebrasilia.com.br
Enquanto o governador Rodrigo Rollemberg, em ritmo lento, tenta organizar a base aliada na Câmara Legislativa, a presidente da Casa,Celina Leão (PPS/DF), trabalha para colocar em pauta a Proposta de Emenda à Lei Orgânica (Pelo) que trata da reeleição para o comando do Legislativo local. Nesta semana, ela visitou os gabinetes ou telefonou para os 18 deputados que conta como favoráveis ao texto, que será votado em segundo turno.
Apenas os três deputados petistas – Ricardo Vale, Wasny de Roure e Chico Vigilante, Chico Leite (Rede), Reginaldo Veras (PDT) e Agaciel Maia (PTC) não estariam nas contas de Celina, que aproveita o momento de insatisfação dos deputados com o Palácio do Buriti para tentar emplacar a votação.
Coincidência ou não, o governador voltou a chamar, ontem mesmo, os deputados para conversas particulares. Procurado, o articulador oficial do governo, Igor Tokarski, preferiu não se pronunciar sobre o assunto.
Celina reconhece que tem procurado os deputados, mas para tratar de outro assunto: a formação dos blocos partidários na Casa. “Estamos ajudando a montar os blocos, que é um ajuste natural da Câmara”, explica.
Para que a emenda à Lei Orgânica entre em pauta, ela diz, não depende só da vontade dela. “Este é um projeto coletivo, de um grupo. E, se os deputados acharem que temos que conversar sobre isso, estou pronta para conversar”, observa.
Mas, ela reitera, não tem previsão de que a matéria entre na pauta da Casa.
Esperando, esperando…
Distritais da base reclamam que o governador muito tem prometido. Mas pouco tem feito para agradar os apoiadores. A maioria busca claro, mais espaço na administração.
“Não quero nada, não pedi nada”, dispara Reginaldo Veras, que é contrário à emenda de Celina e, mais ainda, à troca de cargos por apoio. “O governador poderia pegar o exemplo da presidente Dilma, que loteou o governo entre PMDB, PRB e PP e foi traída por todos eles”. diz.
Nem tudo é como antes
O petista Ricardo Vale votou pela reeleição no primeiro turno, mas agora votará contra. “Tomamos uma decisão de bancada. O partido não tinha posição fechada com relação à emenda, mas já definiu que não votaria em segundo turno”, explicou.
Ele não acredita que o assunto entre em pauta já na sessão de hoje, como, segundo alguns deputados da base, teria admitido Celina. “Acho que nem vai ter sessão, mas estarei na Câmara Legislativa. E, se tiver, votarei contra”, garante.
Na base e na oposição, há defensores
Deputados alinhados como governo já declaram que são favoráveis à proposta, mesmo com todo o arranjo que tem sido feito pelo próprio Rollemberg para recompor os blocos na Casa. Rodrigo Delmasso (PTN/DF) é um deles. “Se entrar na pauta, voto sim. Eu defendo a reeleição”.
Para ele, o Palácio do Buriti não deve interferir, já que é assunto interno da Câmara. “O governador está se posicionando muito bem, deixando que isso seja discutido internamente”, diz.
Esta não é a opinião do oposicionista Renato Andrade (PR). Ele observa que o governador “tem feito tudo” para que não passe a emenda. “Ele está escolhendo a dedo em que bloco cada deputado deve estar. E isso é para anular os anseios de alguns deputados”, arrisca ele, que é favorável à emenda.
Joe Valle
Na opinião de Andrade, Rollemberg trabalha para que, no segundo biênio, o hoje secretário do Trabalho, Joe Valle, comande a Casa. “O preferido dele é o Joe”, afirma, antes de criticar as interferências do Executivo na Casa. “Eu acho que a emenda deve entrar em pauta sim, mesmo porque o governador tem que se preocupar em governar o DF e os assuntos da Câmara tem de ficar a cargo da Câmara”, sustenta.
Momento favorável
Na votação do primeiro turno, em dezembro do ano passado, Celina Leão contou com 16 votos favoráveis, seis contrários e duas abstenções. Mas conta, agora, com a insatisfação de alguns para engrossar a lista de apoios. Mesmo com a necessidade de apenas 16, ela já teria garantido 18.
O Palácio do Buriti apostava em que a prisão do secretário-geral da Câmara, Valério Neves, atrapalhasse a reeleição, mas os deputados – que foram cautelosos ao tratar do assunto no plenário da Casa – disseram que uma coisa não atrapalharia a outra, já que a presidente foi rápida em exonerar o suspeito de operar esquema de distribuição de propinas pagas por construtoras ligadas à Petrobras.
Uma provável reeleição fortaleceria a deputada para as eleições 2018. E este seria o principal temor do Executivo.
Fonte: Jornal de Brasília