Mulheres com deficiência querem mamógrafo adaptado

Em audiência pública que debateu as necessidades da mulher com deficiência na tarde desta sexta-feira (17), as participantes reivindicaram equipamentos adaptados para realização de exames médicos, como mamógrafos. “Onde está o meu direito à saúde da mulher?”, questionou Telva Lima, que é cadeirante e relatou que há seis anos não faz exames ginecológicos por ausência de acessibilidade em hospitais. Segundo Telva, que é presidente da União das Pessoas com Deficiência (UPCD), não há um mamógrafo sequer adaptado para deficientes na rede pública do DF.

Integrantes do Coletivo de Mulher com Deficiência do DF reforçaram esta necessidade, ao narrar que cadeirantes não podem realizar exames de Papanicolau. Elas reivindicaram também uma central específica de atendimento para a mulher com deficiência a fim de receber com acolhimento as mulheres com deficiência visual e as mulheres idosas com deficiência, entre outras singularidades, como detalhou Agna Alves, do Coletivo.

O direito da mulher com deficiência de realizar exames de prevenção foi defendido também pela psicóloga Denise Gasparin, que realizou dissertação de mestrado na Universidade de Brasília sobre o tema. “As mulheres e meninas com deficiência são mais suscetíveis a sofrer violência e violação de direitos; elas passam por uma situação de invisibilidade social”, argumentou.

O defensor do Núcleo de Saúde da Defensoria Pública do DF, Tiago Deienno, disse entender as adversidades porque ele é uma pessoa com deficiência. “Há indisposição de vários setores da sociedade para atender as pessoas com deficiência”, concordou. “Precisamos encontrar soluções conciliatórias para garantir o acesso”, ponderou.

Sem prazo – “Não posso dizer que esse mamógrafo vai ser adquirido com urgência, porque dependemos de licitação, mas estamos sensíveis a essa pauta”, afirmou a diretora de Enfermagem da Secretaria de Saúde do DF, Josethe Gonçalves. Segundo ela, as demandas das pessoas com deficiência podem ser levadas às centrais de referência e à rede de pessoas com deficiência do GDF.

Projeto de lei – A fim de atender ao pleito da audiência, o deputado Júlio César (PRB) apresentou hoje (17) um projeto de lei que estabelece a obrigatoriedade da rede pública de disponibilizar equipamentos adaptados para a realização de exames preventivos do câncer de mama e de cólon, entre outros. Para o parlamentar, o direito à saúde faz parte da luta pela valorização das mulheres com deficiência. “Esta luta é de todos nós, é universal”, declarou.

Júlio César, que mediou o debate, fez um agradecimento especial às intérpretes da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras), Ivone de Alencar e Daniele Zouza, que traduziram todo o evento.

Também participaram da audiência o representante da Coordenação de Pessoas com Deficiência da Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos do DF, Paulo Beck; o representante da Secretaria de Esportes do DF, Humberto Morais; o administrador de Samambaia, Paulo Silva, além de alunos do curso de Fisioterapia da Unip. Franci de Moraes – Coordenadoria de Comunicação Social

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