Envelhecer tem um sentido cultural





A noção de envelhecimento é socialmente construída, e pode ter um sentido muito diferente para cada cultura. Existem países em que os idosos exercem importantes papéis, seja como valorização de experiência e sabedoria ou como respeito e honra dos familiares e até detentores de significações sagradas em tribos indígenas.

A cultura ocidental, mais precisamente no contexto do Brasil, ainda precisa de uma série de mudanças para se tornar mais apropriada ao envelhecimento com plenitude. Discursos enraizados sobre valores no trabalho, na sexualidade, moda, padrões de beleza, acessibilidade não são tão favoráveis ao aproveitamento da vida dos idosos no Brasil. Em uma fase da vida em que a pessoa tem mais tempo e liberdade, é quando surgem imposições sociais e crenças limitantes.

Existe um certo apagamento da subjetividade do indivíduo idoso, é como se a partir de certa idade as pessoas passassem a pertencer a um grupo homogêneo. Os idosos sofrem preconceito, são vistos como um grupo estereotipado com traços universais de passividade, senilidade, fraqueza, impotência. É como se a sociedade proclamasse que você não é mais “O sujeito”, agora você é “Um idoso”.

A Orb Media compilou dados de 150 mil pessoas em 101 países para aprender sobre seus níveis de respeito pelos idosos. Nas culturas que valorizam a velhice, idosos vivem com mais saúde, menores índices de depressão e risco de demência, além de recuperação física mais rápida nos acidentes.



O conceito de ser aposentado surge como um rito de passagem para a velhice, que não lhe dá um lugar social determinado com deveres e conquistas, se tornando um caminho sem volta para o sujeito, onde muitos são submetidos a uma desagregação social. A imagem da improdutividade ou inatividade é uma construção social que quando interiorizada pode gerar efeitos negativos até em uma pessoa saudável.
Essas pesquisas apontam que pessoas com visões positivas da velhice tendem a viver mais e com melhor saúde mental e física do que aquelas com visões negativas.

Não se pode viver na nostalgia do passado mas sim permitir que ele possa revelar caminhos para a construção de um futuro, e assumir o protagonismo de continuar sendo o senhor do próprio destino. Pessoas com projetos, motivação e hábitos saudáveis vivem mais e melhor. Chegar a terceira idade deveria ser motivo de orgulho com inúmeras possibilidades de laços sociais. Viver com sabedoria é poder acolher todas as idades com suas inquietações. A juventude não se define pela idade, mas sim pela forma como se encara a vida. A velhice, quando sentida e vivenciada como fase de descoberta, permite uma projeção de futuro e melhor usufruto do presente.

Fazer análise ou psicoterapia pode ser muito apropriado para se criar novas possibilidades na terceira idade. A fala é curativa, a psicologia moderna iniciada no final do século 19, ao longo do tempo reúne obras, pesquisas e teorias que apontam a fala como eficiente contra o mal-estar emocional. Para a geração que está hoje na terceira idade, fazer psicanálise ou psicoterapias, é algo novo, há até certo preconceito ou vergonha. Muitos hoje, embora precisem, resistem, e perdem a oportunidade de incluir em suas vidas uma rotina que pode trazer qualidade de vida e satisfação.

O acompanhamento de idosos com regularidade, dedicação, traz mais conforto emocional. Fortalecer as memórias positivas, ressignificar traumas, descobrir novos desejos e possibilidades, entender melhor as novas gerações, são algumas das mudanças que ocorrem a partir da terapia.

 




 Danielle Clen é psicanalista e idealizadora do programa Inteiridade, psicoterapia para idosos.

www.inteiridade.com

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