OMS rebate Bolsonaro: ‘Vacinas fizeram muito pela humanidade’

“Essas declarações mostram o quanto é necessário educação, transparência e informação pública sobre a importância das vacinas no geral”, disse o cientista Soumya Swaminathan

A recente declaração do presidente Jair Bolsonaro de que “ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina” repercutiu na Organização Mundial da Saúde (OMS), que promoveu uma coletiva nesta sexta-feira, 4. Em transmissão online, a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, destacou que o primeiro aspecto a ser considerado é que as vacinas erradicaram doenças como sarampo e varíola e fizeram muito pela humanidade. “Essas declarações mostram o quanto é necessário educação, transparência e informação pública sobre a importância das vacinas no geral, e em seguida sobre a vacina contra a covid-19”.

Ela reforçou que nenhuma vacina será liberada antes de os órgãos reguladores e a própria OMS estarem confiantes sobre a segurança e eficácia da imunização. Algumas já estão na fase 3, e estão sendo testadas em voluntários, mas a OMS acredita que não haverá vacinação em massa contra o coronavírus antes de meados do próximo ano. “Um número considerável de candidatos já entrou na fase 3 dos testes. Sabemos de pelo menos seis a nove que já percorreram um longo caminho em termos de pesquisa”, disse a porta-voz da OMS, Margaret Harris.

A declaração polêmica de Bolsonaro ocorreu quando ele foi abordado por uma mulher que pediu ao governo a proibição da vacina contra a covid-19 por considerá-la “perigosa”. O presidente citou o tempo que deve levar para ficar pronta e respondeu que “em menos de 14 anos, ninguém pode colocar uma vacina no mercado”. A frase foi usada pela Secom ao divulgar uma postagem nas redes sociais.

A fase 3 de uma vacina representa a etapa em massa com voluntários e leva tempo uma vez que os cientistas devem verificar se elas são eficazes e seguras. Um artigo publicado pela revista The Lancet apontou que o grupo de pacientes participantes de estudo da vacina russa desenvolveu uma resposta imune.

Os resultados dos dois testes, conduzidos em junho-julho deste ano e envolvendo 76 participantes, mostraram que 100% deles desenvolveram anticorpos para a doença. A Rússia afirma que 40 mil pessoas devem participar do estudo de fase 3 e os resultados iniciais dessa etapa são esperados para outubro ou novembro deste ano.

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