E se você estiver usando máscara errado? Confira 7 mitos e verdades sobre o item
Por Nathan Vieira
Desde o início da pandemia, a máscara tem sido apontada como necessária para a proteção individual contra a COVID-19. No entanto, até então, usá-la não fazia parte de nossos costumes, por isso a tarefa de se acostumar com esse novo hábito acaba exigindo um processo de adaptação. O que nem todos sabem é que utilizar esse item de maneira equivocada pode implicar em consequências para lá de prejudiciais.
Foi com isso em mente que epidemiologistas do University College London, no Reino Unido, fizeram um alerta para possíveis efeitos colaterais do uso inadequado desses novos itens do nosso vestuário. Eles aconselham que máscaras cirúrgicas devem ser usadas em público para prevenir alguma transmissão de COVID-19, mas acrescentaram que o uso de máscara pode dar uma falsa sensação de segurança — e isso pode fazer com que as pessoas adotem uma redução no cumprimento de outras medidas importantes de controle de infecção.
Em conversa com o Canaltech, o infectologista Artur Brito, integrante do corpo clínico da Beneficência Portuguesa de São Paulo e do Hospital Santa Paula e preceptor voluntário no ambulatório de Infectologia geral e doenças negligenciadas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica sobre o uso correto de máscaras. Ele começa apontando que usá-las não garante 100% de eficácia na proteção contra o vírus. “A máscara não consegue filtrar 100% do ar, mas, aliada ao distanciamento de 1,5 metro em locais de maior aglomeração, reduz consideravelmente a disseminação. São as melhores armas disponíveis”, destaca.
Apesar de difundidas e recomendadas por autoridades de saúde, é preciso prestar atenção quanto ao uso correto do item. “O perigo é reduzir a proteção coletiva. A máscara deve ser usada pelo maior número de pessoas possível da forma correta, pois apesar dela, em certa medida também proteger quem usa, seu principal objetivo é evitar a transmissão por quem está usando”, comenta o especialista.
Ele ainda reconhece que existem poucos casos em que o uso da máscara é desaconselhado. “Apenas em situações onde ela será suja ou molhada, o que faz com que perca a capacidade de filtração. Isso pode acontecer em banhos de piscina ou de mar, por exemplo. Mas isso são situações-limite, meio óbvias. Outra situação na qual o uso é desaconselhado é em crianças menores do que 5 anos”, afirma.
Veja, abaixo, os erros mais comuns que podemos cometer com as máscaras:
1. Não pode tocar na máscara
Como colocar a máscara sem tocá-la? É verdade que tocar na parte interna da proteção é desaconselhável — e há maneiras corretas de manuseá-la. O alerta dos especialistas britânicos aponta que as pessoas devem evitar tocar em suas máscaras e adotar outras medidas de manejo, caso contrário esses itens são contraproducentes. “Não se deve ficar tirando a máscara ou a manipulando em excesso”, aconselha o infectologista. “Quanto menor a manipulação, melhor. Porque você evita entrar em contato com as secreções respiratórias que produz e, com as mãos, ajudar a disseminar o vírus”, acrescenta.
2. Tirar rapidinho para falar é errado
Verdade. Uma vez de máscara, evite tirá-la, mesmo que rapidinho para falar. Sabemos que a qualidade e o volume da fala entre as pessoas que usam máscaras ficam consideravelmente comprometidos, e, para compensar, muita gente acaba chegando inconscientemente mais perto da outra pessoa para se fazer entender. Alguns usuários até mesmo removem a proteção para falar. “Se você retira a máscara para conversar, não só perde a proteção que ela confere a você, como, principalmente, não protege em nada as outras pessoas com quem você está falando”, explica o infectologista.
3. Máscara irrita os olhos
Mito, não “irrita”, de fato. Mas o uso pode fazer com que o ar exalado entre nos olhos. Isso gera um impulso de tocá-los, ou mesmo coçá-los. Quem usa óculos, então, já percebeu que as lentes podem ficar embaçadas. Existem algumas soluções, no entanto, para resolver o “problema”: algumas máscaras contam com uma armação de arame que se prende ao nariz, evitando escape exacerbado de ar. Molde-a sempre que for usar! No caso dos óculos, prefira tirá-los para desembaçar e corrigir a posição da máscara, segurando-a pelas tiras. Lembre-se: não coce nem toque seus olhos enquanto estiver de máscara. Se suas mãos estiverem contaminadas, você estará se infectando.
4. Fazer exercícios de máscara faz mal
Mito. Uma dúvida que muitos ainda têm é se é necessário tirar a máscara na hora de realizar atividades físicas. Segundo o Dr. Artur, esse item não faz mal nessa situação. “As maiores fake news que vi, e que tiveram mais repercussão, foram de que as máscaras poderiam fazer mal durante o exercício físico por ‘reterem CO2’ — o que não é verdade, já que a troca gasosa acontece normalmente —, e a notícia de que ela aumentaria a ‘reinfecção’ em pessoas que estivessem com o vírus, causando doença mais grave. Essa foi a mais absurda”, conta o infectologista.
5. Não se pode ficar muitas horas com a mesma máscara
Verdade. Muita gente coloca a máscara de manhã, na hora de sair de casa, e fica com essa mesma até o fim do dia, na volta. Mantê-la por muito tempo não é o mais adequado, e o Dr. Artur explica o porquê: “A máscara deve ser trocada, em média, a cada duas horas ou em qualquer momento se terminar sendo suja ou molhada. Depois desse tempo, ela perde a capacidade de filtrar as secreções”.
6. Deve-se lavar as mãos antes de pegar na máscara
Sim, verdade. Lavar as mãos é uma das medidas mais aconselhadas pelos especialistas para se prevenir do coronavírus. Também é necessário fazer isso antes de colocar a máscara. “O ideal é que você sempre lave as mãos antes de manusear a máscara e a coloque sempre pelo elástico”, aponta o Dr. Artur.
7. Bandanas, lenços e camisetas protegem tanto quanto máscaras
Mito. O infectologista ainda explica as desvantagens e as vantagens dos tipos diferentes de máscara: “Quanto maior a capacidade de filtração, melhor a máscara. No uso mais comum, acho que a ordem seriam os modelos N95, máscaras cirúrgicas e depois máscaras caseiras. Mesmo entre as caseiras, no entanto, existe bastante diferença. É importante que tenham, pelo menos, três camadas de tecidos, com um tecido mais impermeável na camada mais interna. Bandanas e camisas amarradas no rosto são a opção com menor proteção”, alerta.
A máscara é um equipamento essencial para proteção individual em meio a essa pandemia. No entanto, usar de maneira inadequada pode representar um perigo a mais e até mesmo facilitar as coisas para a COVID-19
Fonte: Com informações de The BMJ