I Mostra do Artesanato homenageia os Mestres Pioneiros do Distrito Federal

Iniciativa da Secretaria de Turismo pretende valorizar a produção artesanal e incentivar o reconhecimento dos mestres artesãos do DF

Das flores típicas do cerrado, surgem colares, caminhos de mesa, painéis. O talo do Buriti, encontrado em abundância nas veredas do Planalto Central, transforma-se em totens de cores vivas. Nessa ressignificação da matéria prima, o artesanato típico do DF ganha vida. Para divulgar a riqueza e a diversidade da produção artesanal genuinamente candanga, a Secretaria de Turismo lança, na terça-feira (27/10), às 9h, a 1ª Mostra Pioneiros – Mestres do Artesanato de Brasília.

A Casa de Chá será sede da exposição, que ocorre até 15 de novembro. No local, 125 peças de 26 pioneiros e mestres artesãos estarão disponíveis para visitação. Na ocasião, a Setur também lançará o convite para que os artífices apresentem sua documentação comprobatória e se tornem mestres, com chancela do Programa de Artesanato Brasileiro. A programação conta ainda com show do Trio Forrozão Bambolê.

De acordo com a Secretária de Turismo, Vanessa Mendonça, desde o início da gestão do governador Ibaneis Rocha, o artesanato tem sido pauta prioritária para a pasta. Nos últimos anos, foram desenvolvidas diversas ações para estruturar, qualificar e promocionar o trabalho desses profissionais. “O artesanato é um setor com grande capacidade de geração de emprego e renda. Com a mostra, queremos fomentar a economia criativa e valorizar os pioneiros e mestres artesãos que consolidaram a identidade cultural da nossa cidade com a sua arte”, destaca.

A certificação dos mestres artesãos do DF é uma dessas medidas promovidas pela Setur. Segundo Roze Mendes, artesã referência da cidade e uma das organizadoras da exposição, Brasília possui muito mais mestres do que os presentes no evento. “Mas essa é uma primeira mostra de muito mais que há por vir. A intenção é promover um levantamento das culturas, das raízes e desses repasses de saberes para valorizar o artesanato local. Quanto mais mestres artesãos reconhecidos, mais fortalecida a área fica”, pondera.

Para obter o reconhecimento como mestre, é preciso preencher os requisitos definidos na Portaria 1.007, de junho de 2008. Entre eles, está o repasse do conhecimento e das técnicas artesanais para a comunidade em que o artífice está inserido, de forma a manter aquele saber.

Verônica Brilhante, uma das organizadoras da mostra, vem de uma das famílias pioneiras que trouxeram a Brasília a arte de trabalhar a flor do cerrado, ainda na década de 1980. Ela conta que foi sua mãe a primeira a ensinar-lhe desde a extração de forma sustentável da matéria prima até a produção da peça.

O aprimoramento do conhecimento se deu com Roze Mendes. “Com isso, a gente vê que não se pode prender o saber conosco. Não estamos nesta terra para ficar. É importante repassar o conhecimento e fortalecer essa cadeia de saberes que é o artesanato”, explicou Brilhante.

Chamado de Mágico do Buriti, Divino Faleiros é um desses mestres artesãos do DF. Natural de Uruana (GO), ele chegou à capital federal aos 9 anos, em 1978. Ainda na adolescência, começou a fazer quadros trançados com linha. Anos depois, conheceu um mestre artesão que lhe apresentou o entalhe com braços de Buriti secos.

Hoje, Divino é referência na área com seus totens repletos de cores vivas e um dos poucos a trabalhar essa arte na região. Para ele, ensinar suas técnicas para a comunidade é uma prioridade. “Principalmente nesse período em que as pessoas estão muito ligadas com a mídia, com a informática. E é um interesse nosso transferir esse conhecimento, especialmente para mim, todos os outros artesãos que conheci, que faziam totens em Buriti, já deixaram esse mundo,” explica.

Já Cleziane Ribeiro, natural de Alexânia (GO) e moradora da Ceilândia há 19 anos, trabalha com esculturas e é referência no DF. Na argila, ela retrata as tradições e os costumes locais. A inspiração vem de trabalhadores do campo, das famílias e, especialmente, de São Francisco. “Essa exposição é muito importante para o artista ser reconhecido dentro da cidade e para a cidade conhecer o artesanato e a cultura que ela produz e poder, com isso, expandir para outras regiões e até mesmo outro país”, avalia.

Seleção – As obras que integram a primeira edição da Mostra Pioneiros – Mestres do Artesanato de Brasília foram selecionadas por uma comissão avaliadora. Compuseram o colegiado Ana Beatriz, representante do Programa do Artesanato Brasileiro; a arquiteta Angelina Nardelli Quaglia; a jornalista e designer de interiores, Jane Godoy; Juliana Rocha, representante do SEBRAE;  a especialista e consultora em assuntos relacionados ao artesanato Malba Trindade; o artista plástico Omar Franco; e a Secretária de Turismo, Vanessa Mendonça.

Os pioneiros e mestres artesãos participantes desta primeira edição serão, ainda, homenageados. Eles receberão um diploma de reconhecimento do grande valor de suas obras para a arte e a cultura da Capital Federal e do Brasil. O documento terá a chancela da Setur e do Sebrae-DF. Sete artesãos também receberão o “Troféu Honra ao Mérito”.

Artesanato em números – Parte da cadeia da economia criativa, a produção artesanal de uma região é também um poderoso produto cultural para agregar valor ao turismo. Segundo levantamento do IBGE, o Brasil possui aproximadamente 8,5 milhões de pessoas que vivem do artesanato. O setor movimenta cerca de R$ 50 bilhões por ano. No DF, de acordo com dados da Setur, os 10,5 mil artesãos cadastrados na Secretaria de Turismo movimentaram, somente em 2019, mais de R$ 871,5 mil.

O balanço do Programa de Artesanato Brasileiro de 2019 também aponta para a força do setor na economia criativa, com a geração de emprego e renda. No 12º Salão do Artesanato – Raízes Brasileiras, realizado no DF em maio do ano passado com o apoio do PAB, foram mais de 33,9 mil peças comercializadas, que geraram um faturamento de mais de R$ 1,6 milhão.

Serviço:
1ª Mostra Pioneiros – Mestres do Artesanato de Brasília
Quando: De 27/10 a 15/11. Todos os dias, das 9h às 18h.
Onde: Casa de Chá – CAT Praça dos Três Poderes.
Quanto: Entrada franca
Classificação indicativa: Livre

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