Setur-DF celebra o Mês da Mulher com programação especial em suas redes sociais
Projeto Brasília, feminino de Brasil conta com posts e lives com empreendedoras que vêm impactando o setor turístico na capital
Para celebrar o Dia Internacional da Mulher (8/3), a Secretaria de Turismo do Distrito Federal (SETUR-DF) promove o projeto “Brasília, feminino de Brasil”, uma série de ações em suas redes sociais, durante todo o mês de março. A iniciativa é uma forma de homenagear todas as mulheres que contribuem para o desenvolvimento do turismo de Brasília, lugar onde elas são a maioria, inclusive, no censo: 52% da população. Na programação on-line da Setur, posts especiais vão relembrar algumas personalidades incríveis que fizeram parte da história de Brasília, como Mercedes Parada, Tia Neiva, Coracy Pinheiro e Carmen Portinho, pioneiras que contribuíram para a construção da capital.
Destaque ainda para a série de lives Elas pelo Turismo, nas quais mulheres empreendedoras compartilharão trajetórias de sucesso e como suas idéias inovadoras vêm impactando a cadeia turística no DF. Os encontros serão transmitidos ao vivo, pelas redes sociais da Setur-DF, sempre às 18h. Na agenda: (11/3) a arquiteta e designer multimídia Gabriela Bilá, autora do Novo Guia de Brasília; (18/3) Dona Antônia, mestre artesã que impulsionou na capital o trabalho com capim colonião; ao lado de Malba Aguiar, especialista na concepção e operacionalização de projetos voltados para o desenvolvimento sustentável e geração de renda para as comunidades artesãs; e a designer Suzana Rodrigues, artesã e empreendedora, ganhadora de vários prêmios e participação em exposições fora do Brasil; (26/3) Scarlet Rocha, idealizadora do Festival Flutua, primeiro festival flutuante do Brasil; e Moema Leão, realizadora da CasaCor Brasília; e (31/3) Jussara Botelho, idealizadora da SisterWave, plataforma que encoraja e conecta mulheres em uma comunidade de apoio e ofertas de serviços de viagens para elas.
“Em nome do nosso Governo, parabenizo todas as mulheres, especialmente aquelas que, de alguma forma, ajudaram na construção da nossa cidade e continuam contribuindo para a promoção de Brasília para o Brasil e o mundo. Moradoras ou turistas, todas são essenciais na transformação do nosso Distrito Federal em um destino melhor e mais humano para viver e receber com tanto carinho quem nos visita. Nossa capital é uma cidade de todos os brasileiros. É da nossa gente. E fico maravilhada em saber que, cada vez mais, elas estão se dedicando por Brasília em todos os sentidos, criando soluções empreendedoras, criativas e inovadoras em prol do que é nosso. É este o verdadeiro sentido da união”, enaltece a Secretária de Turismo do DF, Vanessa Mendonça.
Inovação
Entre as inovações na área está a SisterWave, startup brasiliense que organiza uma rede de apoio à mulher viajante. Atualmente, a plataforma conta com mais de 18 mil participantes. Entre elas, 449 são anfitriãs que oferecem serviços de viagem, promovendo conexões por meio de hospedagens acolhedoras com preços acessíveis. Jussara Botelho, CEO e fundadora da empresa, explica que a proposta da plataforma é ser uma comunidade global de apoio local. “Nosso principal objetivo é conectar e encorajar mulheres a viajarem o mundo e exercerem suas diversas formas de liberdade, diminuindo, por meio da tecnologia e da comunidade, os obstáculos que as impedem de fazer isso, como o julgamento e o medo da violência contra a mulher”, explica Jussara. Ela reforça a interação proporcionada pela comunidade. “Além dos serviços de viagens que as sisters oferecem entre si, há trocas de informações e dicas sobre o destino. Muitas vezes, é possível construir uma relação de amizade realmente”, afirma Jussara.
Criada em 2017, a plataforma deu tão certo que acabou de vencer a 3ª Competição Global de Startups da Organização Mundial do Turismo (OMT) na categoria de equidade de gênero. O concurso, realizado em parceria com o Wakalua Innovation Hub – primeiro polo global de inovação em turismo -, reuniu cerca de 10 mil propostas de 138 países e consagrou 25 projetos de 18 nações, destacando a capacidade de contribuir para os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Mercado de trabalho
Assim como na inovação e tecnologia, a presença feminina no setor turístico é percebida em diferentes áreas do mercado de trabalho, como artesãs, hoteleiras e tantas outras funções que impulsionam o ramo. Dos guias de turismo registrados no Cadastur no DF, por exemplo, cerca de 46% são mulheres. É o caso de Maria José de Carvalho, vice-presidente do sindicato dos Guias de Turismo, e que está na profissão há 21 anos. “Nasci em Belém e quando me mudei para Brasília, logo descobri uma cidade diferente de tudo o que já tinha visto e me apaixonei”, afirma ela, que encontrou no turismo os conteúdos que buscava para aprender mais sobre a capital brasileira. Foi o passo fundamental para aliar o trabalho de professora com o de guia profissional. “Brasília é um sítio completo: traz a genialidade do urbanismo de Lúcio Costa, as técnicas desafiadoras de Oscar Niemeyer e o paisagismo incrível de Burle Marx. Não é a toa que a nossa capital é Patrimônio Cultural da Humanidade e Cidade Criativa do Design. Eu costumo dizer que Brasília é tão única que a arte já nasce integrada com a sua arquitetura”, define.
Com perfil empreendedor, Maria José destaca os desafios da profissão para o setor. “O papel do guia é levar informação com qualidade. Para trabalhar em Brasília, ele precisa ter em mente que atuará muito com a cultura, o diferente e o inusitado. Ao mesmo tempo em que o guia brasiliense fala sobre arte, ele apresenta uma natureza exuberante, como a nossa florada de ipês e o cerrado. É essa diversidade que faz a nossa capital brasileira tão encantadora”, explica.
Na bagagem, Maria José tem um currículo extenso. “Por ser guia em Brasília, abracei minha segunda profissão como consultora na Formatação de Produtos Turísticos; participei de diferentes congressos do setor no Brasil; recebi reconhecimento de entidades, como a Marinha; fiz viagens de intercâmbio cultural; e já ministrei palestras em países, como Canadá, Argentina e Cuba. Neste momento de pandemia, estou aproveitando para me atualizar, aprendendo a lidar melhor com as redes sociais e construindo um portfólio digital para mostrar o meu trabalho a todos. É hora de nos reinventarmos”, completa Maria José, que também conquistou o 3º lugar na categoria Guia de Turismo, do 1º Prêmio Brasília: o novo Olhar do Turismo, realizado em dezembro de 2020.
O prêmio é uma ação inédita da Secretaria de Turismo do DF, em parceria com a Fecomércio, Sesc, Senac e Fundação Athos Bulcão, para homenagear profissionais e iniciativas que, nos últimos 24 meses, vêm contribuindo para a consolidação da capital federal como destino turístico. Para ter uma ideia da presença feminina no setor, entre as 12 categorias de Profissionais da seleção, 11 foram ocupadas por mulheres, que venceram os 1º, 2º e 3ª lugares.
A empresária e chef Edilane Oliveira, que trabalha com dois segmentos turísticos no DF – o gastronômico e o entretenimento -, conquistou o primeiro lugar da premiação na categoria Mulheres Empreendedoras. “É impressionante ver o quanto a mulher tem um olhar positivo, garra, capacidade de renascer e ser forte. Unir o tradicional à inovação e se destacar no que faz”, avalia Edilane ao refletir ainda sobre essas qualidades para a cadeia turística. “No setor, especialmente nos segmentos de entretenimento e gastronomia, os quais eu faço parte, eu fui muito abençoada porque levo todo o meu histórico como produtora cultural para dentro das minhas atividades. A gastronomia que eu elaboro, por exemplo, tem o sabor, a história e identidade da nossa capital e do Brasil. E fico lisonjeada com o prêmio e todo esse feedback que venho recebendo de positividade. Fico muito feliz e orgulhosa de ser referência no segmento e estar no meio da tanta mulheres incríveis que temos neste Brasil afora”, completou a empresária.
Mais de 70% das artesãs do DF são mulheres
Destaque também no artesanato, onde as mulheres representam mais de 70%. Artesãs criativas que expressam seus sentimentos e saberes populares na arte. São dessas mãos habilidosas que a matéria-prima é transformada em elementos artísticos, comercializados em diferentes espaços. Com venda de suas peças para os turistas e a população local, elas movimentam a economia, geram emprego e renda não só para a família como também para toda a comunidade, além de divulgar, preservar e fortalecer a cultura da cidade e do país.
É o caso da designer Suzana Rodrigues, uma das artesãs referência do segmento no DF. Conhecida internacionalmente por transformar sementes do cerrado em biojoias com design inovador, suas criações já estiveram no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), além dos salões internacionais de moda de Madri, na Espanha, e Lisboa, em Portugal. Em 2005, foi convidada pelo governo brasileiro para participar do Ano do Brasil na França. Suas peças foram compradas pelo Grand Palais para a exposição Art of Indian e já expôs ainda no famoso mercado parisiense Carreau Du Temple, sendo matéria do jornal francês Le Monde.
Atualmente, Suzana participa da loja Artesanato de Brasília, no Pátio Brasil, uma iniciativa da Setur-DF para valorizar e ampliar as possibilidades de comercialização desse trabalho na capital. “O artesanato é um dos elos mais importantes da cadeia produtiva do turismo, pois, geralmente, o visitante opta por levar um produto típico do local. E o nosso artesanato é de alta qualidade e design diferenciado”, afirma Suzana ao destacar ainda o apoio do GDF para o segmento. “A iniciativa do Governo e da Secretaria de Turismo de fazer parcerias com shoppings, por exemplo, impulsiona nossas vendas, levando nossas obras ainda para outros destinos”, conclui a artesã.