Saúde do DF dá mais um passo na luta contra a dengue em tempos de covid
Iges e SES aprovam novas medidas de combate ao mosquito aedes aegypit
A Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) vai passar a testar, nos próximos dias, dois novos produtos de combate ao mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue. Um deles é uma tinta inseticida que, aplicada em paredes, é capaz de ficar dois anos ativa para repelir e matar o inseto. O outro é um pó biolarvicidaque, lançado no meio ambiente em forma de fumaça por veículos popularmente conhecidos como “fumacê”. Ele extermina as larvas em áreas de maior concentração de focos do mosquito, como terrenos baldios.
Os testes com esses dois produtos foram aprovados nesta quarta-feira (14) pela Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival), da Secretaria de Saúde. As novas ferramentas foram desenvolvidos pelo médico Fábio Castelo Branco, biólogo PhD e entomologista, especialista em controle de vetores, saúde pública e medicina tropical.
Castelo Branco faz parte da equipe de médicos especialistas do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF). Os produtos que ele desenvolveu dão continuidade ao “Plano de Contingência da Dengue em Tempos de Covid-19: Como Lutar em Duas Frentes”, elaborado pelo Iges-DF e executado em parceria com a Secretaria de Saúde.
Casos os produtos sejam aprovados nos testes, eles passarão a ser aplicados ainda neste ano pela SES em todas as regiões administrativas do DF, especialmente nas cidades que apresentam maior incidência da dengue, como Planaltina.
A tinta inseticida
Castelo Branco, biólogo reconhecido pela comunidade científica internacional, explica que a tinta inseticida tem o poder de repelir o mosquito nos locais onde é aplicada. O produto foi testado inicialmente dentro do Laboratório Central da Diretoria de Vigilância Ambiental da SES. Na próxima semana, começam os testes de campo.
“Agora serão feitos testes em cinco casas de agentes de saúde em Planaltina, cidade com maior incidência de dengue no DF”, revelou o biólogo. A tinta será aplicada nas paredes das casas a cada 15 dias. “Nesse período, vamos observar o grau de mortalidade que a tinta provoca no mosquito”, explicou.
Sendo aprovado, o produto poderá ser aplicado em prédios e locais públicos estratégicos, como hospitais, unidades de pronto atendimento (UPAs) e terminais rodoviários.
O pó biolarvicida
A aplicação veicular vai espalhar uma formulação de larvicida com 25% de concentração em base de pó. “Quando a água evaporar, o produto ainda fica na superfície da calha de telhado, canaleta, plantas ornamentais em vasos, pratinhos e outros depósitos presentes nos quintais da casa ou de locais públicos” observou Castelo Branco.
O biólogo alerta que, desde o início da pandemia, o “efeito Covid” tem prejudicado bastante a prevenção e o controle de doenças propagadas por vetores, como a dengue, transmitida pelo mosquito aedes aegypti.
“Consideramos efeito Covid o impacto epidemiológico sobre outras doenças tão importantes, bem como os impactos social e econômico”, observou Castelo Branco.
Segundo ele, em 2020 pode ter ocorrido subnotificação de casos de doenças arbovirais (causadas por um grupo de vírus transmitidos pela picada de insetos). “Isso deu-se pelo fato de as pessoas terem medo de contrair a covid-19 em idas aos hospitais e unidades de pronto atendimento”, comentou o especialista.
Plano de Contingência
O Plano de Contingência da Dengue, executado pela SES traz as seguintes soluções que podem servir de exemplo para outras unidades da federação e países:
- Novas tecnologias: usar novas tecnologias e metodologias para vigilância e controle de vetores;
- Monitoramento: fortalecer a vigilância entomológica com o uso de monitoramento por armadilhas, o que possibilitará a vigilância sem a necessidade de entrar nas residências e de estabelecer contato direto com as pessoas;
- Educação: usar as mídias sociais e os veículos de comunicação para fortalecer a educação ambiental. Assim, cada família pode se responsabilizar por encontrar e eliminar criadouros de mosquitos dentro de casa;
- Controle de vetores: preparar unidades especializadas para resposta rápida ao controle de vetores com o uso de inseticidas, principalmente com drones e equipamentos veiculares que proporcionam distância social.
O entomologista Fábio Castelo Branco ressalta que, com essas soluções, “é possível controlar melhor o impacto dos arbovírus durante a pandemia e o impacto negativo de uma sindemia (problemas de saúde interligados)”.
Texto: Thays Rosário/Iges-DF
Foto: Breno Esaki/ SES