Volta ao trabalho presencial: empresas devem flexibilizar para não perder talentos

Pamela dos Santos foi contratada morando em São Paulo e teve seis meses de trabalho remoto; agora passará ao modelo híbrido
Crédito: Arquivo pessoal

De acordo com pesquisa realizada pela FEA-USP, 73% das pessoas estão satisfeitas com o home office

O especialista de Inteligência em Negócios Anderson Jimenez Figueiredo foi contratado em agosto de 2020 por uma empresa de Curitiba, mesmo morando em São Paulo. A empresa adotou trabalho remoto para funções como a dele, e, já nas entrevistas para contratação, foi acordado que ele não precisaria se mudar quando o regime de trabalho voltasse a ser presencial. “Quero continuar em São Paulo, pois minha esposa está com emprego novo. A negociação com a empresa nesse sentido foi tranquila. Estou me propondo a viajar para Curitiba frequentemente, mas continuar com minha base de trabalho em casa”, conta Anderson.

A decisão dele é a mesma de grande maioria das pessoas hoje. De acordo com uma pesquisa realizada pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), 73% das pessoas estão satisfeitas com o trabalho feito em casa. Esse número sobe para 78% quando se considera a intenção de manter a mesma rotina após a pandemia.

Empresas que não forem flexíveis no momento do retorno poderão perder talentos, na opinião do diretor de Pessoas e Cultura do Grupo Marista, Leandro Figueira Neto. “As empresas precisam compreender que o colaborador não quer mais perder tempo no trânsito, ou cumprir tarefas no local de trabalho que ele pode fazer em casa. Dessa forma, os horários mais flexíveis devem entrar na rotina, assim como o escritório ser usado como ambiente para reuniões estratégicas de equipe”, explica Leandro.

Modelos personalizados

Com o avanço da vacinação no Brasil, as empresas começam a implementar o processo de retorno do trabalho presencial. A escolha pelos modelos –  totalmente remoto, híbrido, ou presencial – depende de diversos fatores, como o ramo da empresa e a necessidade de contato com o público.

Leandro participa de fóruns de executivos de Recursos Humanos e conta que grande parte das empresas deve escolher o modelo híbrido de trabalho, que se dará com escalas de grupos de colaboradores entre o modelo presencial e remoto.

No Grupo Marista, o retorno presencial está sendo realizado por etapas, previamente comunicadas aos colaboradores. “Muitos estão em outra cidade, não matricularam os filhos em escolas infantis, por exemplo, e precisarão de tempo para planejar o retorno”, explica o diretor.  

É o caso de Pamela Fernanda Menezes dos Santos, gerente de Experiência do Cliente do Grupo Marista. Contratada em agosto de 2021 morando em São Paulo, ela sabia que a mudança para Curitiba seria necessária, mas ganhou tempo suficiente para suas escolhas, como a escola para o filho de 7 anos e o bairro onde vai morar. “A decisão de mudar para Curitiba foi bem conversada com a empresa e pensada com a família, que entendeu que seria uma boa oportunidade para minha carreira. Não conhecia a cidade, então, esse tempo que tenho até janeiro de 2022 será importante para compreender a localização do trabalho e das opções de escola”, conta Pamela. Nesse período, ela tem viajado para Curitiba eventualmente e, no restante do tempo, o trabalho de liderança de equipe é remoto. A partir de janeiro, ela trabalhará três dias em casa e dois no escritório.

Ambiente

A volta ao trabalho presencial também vai exigir adaptações para colaboradores com mais tempo de casa. Boa parte das grandes empresas está adotando o open office, sem mesas fixas nos ambientes. No lugar delas, entraram espaços compartilhados, com algumas salas para pequenas reuniões, ou momentos que exigem mais concentração.

As redes tecnológicas deverão ser reestruturadas para que um único ambiente suporte mais notebooks ou equipamentos desconectados, além de um número maior de videoconferências do que anteriormente. “Esse é um momento de planejar, pensar quais atividades necessitam de presença integral e iniciar o diálogo com as equipes. Para o trabalho voltar a ter significado e as pessoas se sentirem motivadas, será preciso uma readaptação geral. Tudo isso com diretrizes e sem esquecer dos protocolos de saúde para a volta com segurança”, comenta o diretor de Pessoas e Cultura do Grupo Marista.

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