Mais de R$10 milhões foram injetados na agricultura do DF em 2021 por meio de créditos rurais

As linhas de crédito voltadas para agricultura ajudaram na compra de bens, insumos e aumento da produção representam um aumento de quase 40% em relação a 2020

Extensionistas da Emater-DF prestam atendimento a produtor rural. Foto: Diândria Daia/Emater-DF

Os produtores rurais do DF contaram, em 2021, com aprovação de cerca de R$10.2 milhões em crédito rural utilizados para mitigar os efeitos da pandemia e fortalecer a agricultura familiar. O valor representa um aumento de quase 40% referente aos R$7.3 milhões financiados em 2020. A Emater-DF tem um papel fundamental nesse processo, seja na elaboração dos projetos e interlocução com os órgãos financeiros ou na divulgação das linhas de crédito e critérios para obtenção.

Do total aprovado, foram utilizados R$5,5 milhões das linhas de crédito do GDF, sendo R$1,8 milhão do Prospera e R$3.7 milhões do Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR). Além disso, houve a participação de R$4.7 milhões das linhas de crédito federais, como o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO).

Pelo FDR foram elaborados 64 projetos, sendo 26 aprovados em Câmara Técnica, o que representou um aumento de mais de 100% da aplicação de recursos e na elaboração de projetos, consolidando-se como um Fundo de extrema relevância para o desenvolvimento da área rural. Nesses dois Fundos do GDF, a Emater-DF tem um papel fundamental por ser o órgão competente para elaboração, supervisão e apoio aos produtores rurais interessados.

A presidente da empresa, Denise Fonseca, argumenta que o crédito rural, em muitos casos, é o único recurso disponível para alavancar a produção do agricultor familiar. “Nossa política para incentivar e viabilizar projetos de crédito rural leva em consideração o momento de crise que estamos atravessando por causa da pandemia, que culminou no aumento expressivo dos insumos agrícolas com impacto direto no custeio da produção rural. Nossa missão é atender todas as necessidades do agricultor familiar e o crédito rural é uma delas”, afirmou Denise Fonseca.

Cadeias produtivas

Os projetos de crédito rural aprovados no DF foram distribuídos em diversas cadeias produtivas, entre elas as de olericultura, bovinocultura e grandes culturas, que tiveram maior participação no total. Outro dado relevante é que houve um incremento expressivo nos projetos de energia fotovoltaica para a região de Rio Preto, em Planaltina.

Para Rodrigo Marques, extensionista da Emater-DF há 15 anos e que atua no escritório de Rio Preto há 2 anos, o DF importa mais que 90% da energia elétrica que consome. Segundo ele, se todos os produtores rurais adotassem a política de geração de energia fotovoltaica esse percentual seria reduzido e o campo teria mais condições de absorver novas gerações de emprego e renda.

Placas de energia fotovoltaica na propriedade de Noeli Baumgratz. Foto: Arquivo pessoal

“A política pública de Extensão Rural, em conjunto com a de Crédito Rural, é a maneira mais eficaz de se mudar a realidade do agricultor, além de diminuir custos de produção, otimizar a distribuição de energia nas propriedades e ainda contribui diretamente com o Meio Ambiente, diminuindo a necessidade da utilização de Usinas Termoelétricas durante essa crise energética que vivemos”, avalia Rodrigo Marques.

A agricultora Noeli Baumgratz (65) mora no Rio Preto, Região Administrativa de Planaltina, há 40 anos. Ela e o filho Anderson Baumgratz (34) se dedicam à plantação de cereais, dentre eles estão soja, milho, sorgo e feijão. A produção anual de soja da família gira em torno de 8 mil sacas. No entanto, segundo Anderson, nos últimos tempos o aumento do preço do adubo chegou a 200%, comprometendo o lucro da produção familiar.

Para driblar a crise, com auxílio da Emater-DF, Noeli adquiriu financiamento no valor de R$62.6 mil, via FDR, para a instalação de 24 painéis de energia fotovoltaica. A usina terá capacidade de gerar até 1700 watts de energia, sendo o consumo da propriedade em torno de 1100 watts. A partir de janeiro, após autorização de funcionamento pela empresa Neoenergia, a família terá a economia de R$700,00 mensais na conta de luz e autonomia energética para os gastos com a produção rural.

Segundo Anderson, o crédito rural foi todo viabilizado pelo extensionista Rodrigo Marques, do escritório de Rio Preto. “A Emater-DF fez quase tudo. Fez o estudo de viabilidade financeira e a intermediação com o banco. nós só apresentamos a documentação”, falou.

Para o agricultor, o crédito rural é um benefício fundamental para viabilizar a produção rural, uma vez que a taxa de juros é bem vantajosa em relação a outras linhas de crédito e permite a compra de bens com alto custo que precisam ser adquiridos para melhorar a produção de forma geral.

O produtor Maurício Rezende adquiriu uma estufa para pimentão com recursos do Pronaf. Foto: Arquivo pessoal

Maurício Severino Rezende (65) tem uma pequena propriedade rural na região da Taquara, também em Planaltina, onde produz tomate, pimentão, abobrinha, berinjela, repolho e outras hortaliças. O produtor rural adquiriu dois financiamentos com recursos do Governo Federal, por meio Pronaf, que totalizou R$98 mil. Desse valor, R$27 mil foram usados para o custeio de dez estufas de pimentão com financiamento junto ao BRB e R$71 mil para o custeio de  20 estufas de tomate pelo Banco do Brasil.

“O crédito rural para o agricultor familiar é muito importante porque os juros são muito favoráveis e fica compatível com a nossa renda. Por exemplo, a taxa de juros do Pronaf gira em torno de 3% ao ano. Com esse recurso conseguimos comprar as coisas à vista, pois os insumos ficaram muito caros e pagando na hora conseguimos desconto. Além disso, tem um prazo para de carência para começar a pagar. O ano passado eu consegui e paguei bem tranquilo. Este ano financiei mais um pouco e acredito vai dar tudo certo também”.

Prospera

Estufa de hortaliças. Foto: Divulgação/Emater-DF

De acordo com a extensionista da Gerência de Desenvolvimento Econômico da Emater-DF, Luciana Tiemann, “o Prospera é um programa da Secretaria de Trabalho do DF para atender as necessidades financeiras de empreendedores urbanos e rurais. O Comitê de Crédito do programa aprovou, no último dia 22, 24 projetos de produtores rurais, sendo R$ 262 mil em custeio e R$ 342 mil em investimentos. Com o repasse, mais R$ 604 mil estão sendo injetados na agricultura familiar, o que é muito relevante para o desenvolvimento do produtor rural”.

O saldo do Prospera destinado à área rural já chega a R$ 1,8 milhão, um auxílio para 79 projetos de produtores em 2021. O recurso é muito importante para os agricultores familiares, pois libera valores menores e alcança um número maior de produtores. O Prospera é um crédito especial concedido para o atendimento das necessidades financeiras de empreendedores em geral e é direcionado a pessoas físicas ou jurídicas, das áreas urbanas e rurais, que possuem atividades produtivas de pequeno porte. 

Hoje, os valores cedidos para a área rural variam de R$ 19.160,50 a R$ 38.321,00 e o pagamento pode ser feito em até 48 meses, para evitar o endividamento. No caso de produtores rurais, a Emater-DF elabora os projetos a serem apresentados para a solicitação dos créditos e depois nas orientações de plantio, manejo e comercialização da produção.

A Emater-DF

Empresa pública que atua na promoção do desenvolvimento rural sustentável e da segurança alimentar, prestando assistência técnica e extensão rural a mais de 18 mil produtores do DF. Por ano, realiza cerca de 150 mil atendimentos, por meio de ações como oficinas, cursos, visitas técnicas, dias de campo e reuniões.

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