Mídias digitais serão decisivas nas eleições

Coordenador de mobilização social revela o passo a passo para uma campanha de sucesso

Deu-se início a etapa mais agitada do período eleitoral: as propagandas políticas. Mais do que nunca, as mídias digitais desempenham um papel protagonista, sobretudo para os candidatos que possuem recursos limitados e pouco tempo nos veículos de comunicação tradicionais, como televisão ou rádio.

Em reportagem especial, o Coordenador de mobilização digital Rafael Costa revela o peso das redes sociais nas eleições deste ano. Em 2018, ele foi o responsável na Incine por alavancar a campanha digital de Flávia Arruda, na época filiada ao Partido da República (PR), eleita a deputada federal mais bem votada do Distrito Federal, com 121.340 votos. Hoje, Rafael é CEO da Accio Comunicação, empresa especializada em marketing e mobilização digital, atendendo campanhas focadas nas redes sociais e no whatsapp.

“A procura por destaque e engajamento está grande, principalmente no whatsapp. Quem estiver com forte presença no mundo digital com certeza será lembrado nas urnas.”

O maior desafio está na mudança de mentalidade dos candidatos que ainda apostam na velha política. “A sociedade hoje está atenta, não quer mais saber daquele político que só aparece de 4 em 4 anos. O eleitorado quer se sentir contemplado e pertencente às decisões de seus representantes. Seja nas propostas, discursos, votações ou projetos, é preciso corresponder aos anseios, posicionamentos e princípios de sua base eleitoral, e é aí que entra a mobilização e engajamento nas redes ”, reforça.

Desde 2007, Rafael coordenou 23 campanhas simultâneas em todo o Brasil, com serviços de ampliação de alcance orgânico (sem impulsionamento), captação de leads, criação de conteúdo e capacitação de voluntários e militâncias virtuais. Criterioso com as regras da justiça eleitoral, ressalta a importância de todas as ações estarem pautadas em conformidade com as normas do Tribunal Superior Eleitoral, que proíbe a utilização de robôs e programas de disparos em massa nas eleições de 2022.

No relacionamento digital, o segredo está na construção de conteúdos segmentados, de acordo com a realidade do grupo social, porque cada público compreende e consome a informação de maneira distinta. “Os assuntos devem ser os mais diversos possíveis, abordando temáticas que realmente interessam à sociedade. E, tão importante quanto o conteúdo, é saber como se comunicar de modo efetivo com seu eleitorado”, afirma o mobilizador digital.

“Não tem como trabalhar um assunto de modo igual para todos os públicos. É preciso criar mecanismos que dialoguem com o eleitorado de forma que ele entenda a mensagem, aceite a informação e se sinta abraçado pela luta, motivando-o a compartilhar o conteúdo também em seus grupos de familiares e amigos”.

Marketing político não tem que ser chato, quadrado e engessado, é preciso pensar fora da caixa e olhar o que há de mais atual e atrativo no mercado digital. Apostar nos assuntos em auge e expor um posicionamento que esteja alinhado com sua base eleitoral são fundamentais.

De olho no whatsapp

Uma das plataformas mais cobiçadas no período eleitoral, Rafael Costa destaca o whatsapp como a peça-chave das eleições de 2022. É o caminho mais efetivo e direto para alcançar todos os públicos. Isso porque uma maioria dos eleitores utiliza a ferramenta no dia a dia e, mesmo com o plano mais básico das operadoras telefônicas, possuem acesso à plataforma social.

O segredo não é apenas saber o que falar, mas como. “Se o seu público não tem um pacote de dados de internet robusto, não adianta enviar dezenas de vídeos e imagens, porque eles não vão ter interesse ou condições de baixar. Tem que agir de forma estratégica e intencional, compreendendo a realidade social, cultural e econômica do eleitorado”.

Trabalhar a ferramenta de áudio nas respostas é um diferencial, porque o eleitor se sente próximo ao candidato e entende que este se importa, que parou um momento de sua agenda para estar ali conversando e dando a atenção que merece. Diferentemente de quando é uma mensagem de texto, na qual a grande maioria da sociedade já sabe que a resposta não é do candidato, mas de algum assessor de comunicação ou agência.

A interação na rede social também é essencial para capacitação da militância digital e de voluntários, com a distribuição de materiais informativos das propostas, alinhamento e convite para ações virtuais e instruções claras para curtir, comentar e compartilhar os conteúdos, aumentando o engajamento de modo orgânico e convertendo mais votos.

Nas eleições deste ano, Rafael Costa tem o foco em duas candidaturas no DF – Renata D’Aguiar, que disputa uma vaga na Câmara Legislativa pelo Partido de Mobilização Nacional (PMN), e Cristiano Lopes, que vem a federal pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). Até o último dia, os eleitores estão em busca de seus candidatos, mais ainda quando a decisão está na escolha do representante ao legislativo local. Em pesquisa recente do Metrópoles/Idea, quase 70% dos eleitores do Distrito Federal não sabem em quem votar para deputado distrital. As redes sociais vão esquentar nos próximos dias, com propostas e conteúdos criativos para atrair o eleitor indeciso e fidelizar os decididos. A intensidade das ações de comunicação digital devem durar até dia 1º de outubro, data que antecede o primeiro turno eleitoral, que define os vencedores para as vagas disputadas no legislativo distrital e federal.

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