Check-up ocular pode evitar acidentes de trânsito
Antes de pegar o volante e enfrentar a estrada, brasileiros fazem a revisão nos veículos, mas esquecem de verificar a saúde dos olhos
Verão chegando e os brasileiros já planejam suas férias. Pesquisa feita pela empresa de cartões de crédito Trigg*, mostrou que 64% dos participantes pretendem viajar nessa época do ano. Destes, 31% manifestaram que usariam carro próprio para realizar este sonho. Entretanto, antes de pegar a estrada, é bom ter alguns cuidados. Segundo os dados analisados pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet)**, divulgados em julho de 2022, 83% dos sinistros em estradas federais foram motivados exclusivamente pelo chamado fator humano, 10% foram atribuídos às condições da via, 5% a problemas no veículo e 2% ao fator ambiente.
Portanto, garantir a saúde ocular deve estar no topo da lista, pois qualquer problema que atrapalhe a capacidade de enxergar é considerado um alto fator de risco para acidentes de trânsito. “É fundamental que o condutor se sinta confiante com sua visão e tenha uma margem visual extensa. Mesmo que já se esteja habituado a não enxergar tudo, essa dificuldade deve ser eliminada antes de pegar o volante, pois qualquer descuido ou mínima falha pode causar um acidente grave e levar a morte”, ressalta o Dr. Eduardo José Rocha, especialista em Olho Seco, Alergias, Superfície Ocular, Pterígio e Blefarite do Hospital Oftalmológico de Brasília, empresa do Grupo Opty no Distrito Federal.
Os vícios de refração, miopia, astigmatismo e hipermetropia, podem impedir o reconhecimento de placas, ou dificultar a leitura do painel, porém existem outras doenças oculares que prejudicam a nitidez da visão e aumentam o tempo de reação, podendo afetar a condução. Para se ter uma ideia, só a catarata aumenta o risco de acidentes automobilísticos em 2,5 vezes. Já os portadores de glaucoma têm esse risco dobrado, uma vez que há uma redução da visão periférica. ““É importante estar em dia com seu check-up oftalmológico, tanto quanto com a revisão do veículo. A maioria dos motoristas brasileiros só se lembra de fazer exame de vista na hora de renovar a carteira. O ideal é ir ao oftalmologista pelo menos uma vez por ano, principalmente para quem tem mais de 40 anos. Esse cuidado vai ajudar a identificar qualquer possível alteração na acuidade visual, permitindo a correção/controle do problema e trazendo mais segurança”, complementa o especialista.
Alguns cuidados podem ajudar os condutores de veículos a ter uma jornada mais confortável e segura na estrada. Bons óculos, com lentes antirreflexivas ou fotossensíveis e proteção ultravioleta, ajudam a diminuir a incidência da luz solar durante as viagens diurnas. Para quem costuma dirigir à noite, quando a visibilidade é naturalmente comprometida, lentes amarelas amenizam o reflexo dos faróis dos outros carros. “Óculos protetores que evitam uma exposição excessiva à claridade, também auxiliam na prevenção da catarata e do pterígeo, aquela carne vermelha que cresce no olho em direção à córnea”, afirma o Dr. Eduardo José.
Em viagens longas, o especialista ressalta que o uso contínuo do ar-condicionado do carro retira a umidade do ar, impedindo a lubrificação dos olhos. “Essa perda de umidade pode acarretar sintomas de olho seco, borramento da visão, fotofobia, ardência, alergias, entre outros. O ideal é fazer uma parada a cada duas horas para lavar o rosto, descansar a vista e fazer uso, se necessário, de um colírio lubrificante, indicado pelo oftalmologista”, explica o especialista. Pessoas com astigmatismo elevado ou miopia apresentam maior dificuldade de enxergar ao entardecer. Uma solução pode ser utilizar lentes nas cores verde e âmbar, que melhoram a visão de contraste. “Para quem precisa de lentes corretivas, pode ser interessante optar por óculos de sol com lentes ajustadas para o seu problema. Sejam lentes de contato ou óculos, o importante é só pegar a direção com a visão 100%, mesmo que o seu grau seja mínimo. Qualquer alteração pode causar lentidão na velocidade de leitura, dificuldade na identificação de cores, de profundidade e provocar acidentes sérios”, finaliza Eduardo José Rocha