Retinopatia diabética afeta mais de 10 milhões de brasileiros e pode levar à cegueira
Especialista alerta que pacientes com diabetes não devem esperar sintomas na visão para realizar exames oftalmológicos
A retinopatia diabética é causada por lesões nas pequenas artérias que irrigam a retina, danificando esse tecido no fundo do olho que capta as imagens que serão lidas e interpretadas pelo cérebro. Dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) apontam que a doença é a principal causa da perda de visão entre pessoas de 20 a 64 anos de idade. Ainda segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), mais de 10 milhões de brasileiros têm problemas associados à enfermidade e o número pode ser ainda maior devido à subnotificação dos casos.
O Dr. Elmer Salviano, oftalmologista do Hospital de Olhos de Cuiabá (HOC), enfatiza que a retinopatia diabética é uma complicação séria que pode ocorrer em qualquer estágio, em qualquer tipo de diabetes e em qualquer paciente.
A condição é mais comum em pacientes com controle deficiente da doença, ou seja, aqueles que têm níveis elevados de glicose no sangue por períodos prolongados, o que é conhecido como diabetes descontrolado. “A cegueira está associada à fase avançada da retinopatia diabética, caracterizada pela retinopatia diabética proliferativa e suas manifestações, incluindo neovascularização na retina ou no disco óptico, hemorragia pré-retiniana ou vítrea, e proliferação fibrovascular que pode resultar em contração e descolamento de retina”, explica o médico.
Entre os sintomas iniciais, estão visão borrada ou distorcida, manchas como moscas ou linhas flutuando na visão e áreas escuras na visão. “O problema pode progredir silenciosamente, resultando em hemorragias na retina em áreas menos importantes para a visão e evoluir para hemorragias maiores, glaucoma e até descolamento de retina, o que pode levar à perda de visão”, alerta o especialista.
Dr. Elmer ressalta que o exame de fundo de olho é crucial para diagnosticar a retinopatia diabética. “Pessoas com diabetes tipo 1 devem fazer o exame anualmente após 5 anos do diagnóstico, enquanto aquelas com diabetes tipo 2 devem ser examinadas no momento do diagnóstico e anualmente depois disso. Gestantes com diabetes devem ser avaliadas precocemente, e mulheres não diabéticas com diabetes gestacional têm baixo risco de desenvolver retinopatia diabética”, afirma o oftalmologista do Hospital de Olhos de Cuiabá (HOC).
De acordo com o especialista, o tratamento envolve um bom controle do diabetes, mudanças nos hábitos alimentares e no estilo de vida, além de tratamento imediato do edema macular diabético, quando necessário, para prevenir a piora da visão e a cegueira. “O acompanhamento médico regular é essencial para determinar o tipo e a gravidade da retinopatia e orientar o tratamento adequado”, ressalta o Dr. Salviano.