Novembro Azul: alerta global para o combate ao câncer de próstata
Professor de Medicina do UNICEPLAC destaca a importância do diagnóstico precoce e cuidados preventivos
O Novembro Azul, movimento internacional iniciado em 2003 na Austrália, é voltado à conscientização sobre a saúde masculina, com foco na prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata. Realizado em diversos países, incluindo o Brasil, o movimento deste ano alerta para dados preocupantes apresentados pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Em 2023, a doença causou a morte de 17 mil homens no Brasil, uma média de 47 óbitos por dia, conforme informações do Ministério da Saúde. Uma projeção recente da revista científica The Lancet indica que o número de novos casos pode dobrar até 2040, passando de 1,4 milhão em 2020 para 2,9 milhões, com um crescimento significativo também nas taxas de mortalidade.
O Dr. José Carlos de Almeida, urologista e professor da disciplina Saúde do Idoso, no curso de Medicina do Centro Universitário UNICEPLAC, ressalta a importância das campanhas como um “momento de reflexão e alerta para a população masculina quanto ao cuidado preventivo, que permite, de fato, um diagnóstico precoce do câncer de próstata”. O médico enfatiza que, além das ações de conscientização anuais, o Brasil precisa ampliar o acesso a exames preventivos e oferecer apoio contínuo ao longo do ano, principalmente no Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo o professor, os fatores que mais influenciam o câncer de próstata são fatores genéticos e hábitos de vida com alimentação rica em gordura, carne vermelha e alimentos processados.
A importância do check-up de rotina
O médico orienta que o check-up de rotina para detecção precoce do câncer de próstata deve começar aos 50 anos, mas, em alguns casos, como histórico familiar ou fatores genéticos, o rastreamento pode ser iniciado a partir dos 45 anos. Os exames de rotina incluem o PSA total e livre, ultrassom da próstata e o exame digital, enquanto a ressonância magnética multiparamétrica pode ser utilizada em casos específicos, especialmente quando o PSA está elevado, mas o exame local da próstata não aponta alterações.
“O que frequentemente leva o paciente ao consultório são sintomas urinários, como dificuldade para urinar e micção frequente, que muitas vezes não estão diretamente associados ao câncer de próstata, mas sim a uma condição conhecida como hiperplasia benigna da próstata”, explica Dr. Almeida. Ele alerta que esses sinais não devem ser ignorados e que um acompanhamento médico é fundamental para distinguir entre as condições.
Tratamentos para o câncer de próstata
Dr. Almeida destaca que o tratamento do câncer de próstata varia de acordo com o estágio da doença e as condições do paciente. “Para tumores localizados e de baixo a intermediário risco, a cirurgia é uma opção eficaz, assim como a radioterapia, especialmente em casos de próstata com peso menor que 50 gramas”, afirma. Em casos de câncer localmente avançado, o tratamento pode envolver cirurgia combinada com radioterapia. Já em situações de doença metastática, o bloqueio hormonal é a estratégia preferida.
Nos pacientes acima de 80 anos, a preferência é por abordagens menos invasivas, dependendo do quadro geral de saúde e da agressividade do tumor. O médico recomenda que a prevenção também inclua uma alimentação saudável, com redução no consumo de gordura animal e carne vermelha, além de evitar o sedentarismo, o tabagismo e a obesidade.
Conscientização e acesso: os desafios para o futuro
O Novembro Azul, mais do que um mês de conscientização, levanta a bandeira do acesso e do cuidado integral com a saúde masculina. “Precisamos de campanhas efetivas e de uma rede de apoio para a saúde do homem durante todo o ano, garantindo que cada vez mais brasileiros tenham acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado, que fazem toda a diferença no combate ao câncer de próstata”, finaliza o médico.