Em entrevista ao Correio, Rollemberg critica sindicatos e greves: “Apostar no caos piora a situação”
Governador detalha medidas de economia e afirma que vai reduzir até os gastos com alimentação em Águas Claras
postado em 15/01/2015 06:29 / atualizado em 15/01/2015 07:32
Como o senhor avalia o atual cenário do Distrito Federal, com atrasos salariais e paralisações?
Vejo a cidade como cidadão que sou e também como governador, com toda a responsabilidade que tenho. Como pessoa comum, compartilho a indignação com a irresponsabilidade, com o descaso, com a incompetência, com o conjunto de atitudes ou da falta de atitudes que levaram Brasília à pior crise da sua história. Como governador, fico aflito, porque é impossível resolver todos os problemas em um passe de mágica. Tenho convicção que será preciso muita paciência, perseverança, trabalho e compreensão da população para que possamos efetivamente, na prática, fazer um pacto pela cidade. Nós só vamos sair desse caos se todas as pessoas e instituições compreenderem a gravidade da situação. Todos nós temos devemos ter participação na construção das soluções para a crise.
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O senhor imaginava encontrar um quadro assim?
Só tivemos a dimensão da profundidade da crise quando tivemos acesso aos números exatos. A cada dia aparece uma novidade, porque tínhamos identificado cerca de R$ 3,1 bilhões em dívidas. Mas há empenhos que foram feitos, e posteriormente cancelados, ainda não identificados. Há um esforço na redução de cargos comissionados de livre provimento, no cancelamento de licitações que estavam em andamento. Estamos fazendo também um movimento para reduzir os gastos com salários. Por exemplo, pretendemos entregar um prédio na Asa Norte que custa R$ 970 mil mensais em aluguel.
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Como o senhor tem sentido o clima das ruas?
Tenho andado na cidade e procurado estar perto da população. É o momento que conseguimos energia para enfrentar os problemas. Recebo manifestações de orações. Eu digo: reze mesmo, pois precisamos de muita oração e energia positiva. Estamos trabalhando até 18 horas por dia.
A situação pode melhorar em um ano?
Eu diria que a gravidade é tal que, se conseguirmos, será uma grande vitória. Fomos ao Tribunal de Justiça e conversamos sobre um Fundo de Depósitos Judiciais ao qual outros estados já têm acesso para pagamento de precatórios. Estamos tentando uma solução jurídica para garantir isso no DF, pagar precatórios e aliviar o caixa. Lutamos para resolver problemas deixados pelo governo anterior, como, por exemplo, a inadimplência no CAUC (Cadastro Único de Convênios) — (sem a regularidade nesse instrumento, o ente federativo deixa de ter acesso a vários tipos de financiamentos públicos).
Qual a previsão que o senhor faz para 2015?
Será um ano difícil e duro. Mas esperamos que, em 2016, Brasília já tenha saído dessa situação muito delicada e dramática. O que anima a gente é a solidariedade da população. As pessoas dizem: você recebeu uma bomba. E eu tenho dito que é uma bomba de efeito continuado. Eles dizem assim: tenho pena de você. Mas eu digo: não tenha pena, quero que você nos ajude a enfrentar a crise e a superá-la.