A importância da escola na formação integral
Nesta sexta-feira (15), comemoramos o Dia da Escola. Uma comemoração com um forte sentimento de luto, em uma semana que vivemos uma tragédia nacional com o massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP). Um momento que nos faz refletir ainda mais sobre o ambiente escolar, as relações criadas neste ambiente e a importância da escola na nossa sociedade.
Acredito que através da educação criamos a base de uma sociedade menos desigual, com uma economia mais eficiente e crescimento, econômico e social. Há consenso entre estudiosos de que este é o caminho. A escola é uma ferramenta fundamental na formação, conhecimento, trabalho e para o exercício da cidadania.
Garantir uma educação de qualidade, gratuita e pública a todos os cidadãos é dever do Estado. Gerações que tiveram acesso à educação e puderam absorver conhecimento, tiveram aumento de renda, fortaleceram a base familiar com estabilidade estrutural e financeira.
Mas como oferecer uma educação pública de qualidade? É comprovado o fato de que a escola de educação ao integral destaca-se no quesito de desenvolvimento ao oferecer a convivência no ambiente escolar.
Entre os anos de 2007 a 2010, participei diretamente da criação das 200 escolas de educação integral do Distrito Federal. As crianças recebiam lanche pela manhã, almoço e outro lanche ao final da tarde, antes de retornarem para suas casas. Eles frequentavam as aulas, em outro turno praticavam esporte, contavam com reforço escolar e, ainda, participavam de aulas de música, teatro e línguas.
O bolsa universitária foi outro projeto que gerou mais de 5 mil bolsas de estudo nas faculdades particulares. Os alunos trabalhavam como monitores nas escolas de ensino fundamental e médio, colaborando com os professores, de acordo com a formação específica de cada um.
Neste mesmo período, foram construídas 12 vilas olímpicas com capacidade média para atender 4.500 crianças e adolescentes para o esporte no contraturno, além de uma centena de quadras de esporte cobertas nas escolas.
Foi uma experiência muito exitosa, comprovada por índices de avaliação de rendimento dos alunos da época. O projeto ofereceu aos alunos da rede pública dois períodos na escola, além de um ambiente mais sadio para o aprendizado dos estudantes. Foi uma maneira de capacitar os jovens e manter eles longe da violência. Milhares de crianças ficavam o dia todo na escola e recebiam três refeições diárias.
Lamentavelmente, restaram poucas dessas escolas, mas essa é uma experiência que pode e deve ser retomada para continuar a mudar a vida de milhares de crianças e jovens. Meu compromisso é de continuar lutando pelo que vivenciei através do ensino integral e acredito como alternativa para nossos jovens e nossa cidade como um todo.
Nos anos de 1950 e 1960, os sonhos de Anísio Teixeira criaram as escolas parque e escolas classe. Depois, com Darcy Ribeiro vieram os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs) e os Centros de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (CAICs). Esse é um caminho que Brasília, nascida como capital, para ser modelo de uma sociedade mais justa, deve retomar.
Rumo à ampliação do ensino integral no país
Em dezembro de 2018, um grande passo foi dado rumo à implementação do novo Ensino Médio no Brasil. Depois de três anos e meio de discussões, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
A ampliação no número de escolas em tempo integral também está prevista na reforma. De acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE), a meta é que até 2024, 50% das escolas e 25% das matrículas na educação básica sejam no ensino de tempo integral.
Flávia Arruda, deputada federal ( PR-DF)