60 anos de Brasília
Acostumada a receber e acolher gente de todos os cantos, hoje, Brasília se fecha. É de casa que os brasilienses comemoram o aniversário da capital. Os dados do IBGE ajudam a entender como são esses domicílios, quem são seus moradores e o que mudou desde a fundação da cidade.
Em 1959, um ano antes, portanto, da inauguração de Brasília, a área do futuro território da capital, correspondente aos municípios goianos de Planaltina, Formosa e Luziânia, passou pelo primeiro recenseamento, em decorrência do Censo Experimental – teste dos instrumentos de coleta utilizados no Censo Demográfico de 1960.
Conforme informações do livro “Veredas de Brasília: As expedições geográficas em busca de um sonho”, publicado pelo IBGE em comemoração aos 50 anos de Brasília, diferentemente de outras regiões do estado de Goiás, esse espaço era pouco desenvolvido e ocupado, voltado a atividades de pecuária e subsistência. A situação começou a mudar com a vinda dos trabalhadores da construção da nova capital.
Os primeiros 250 trabalhadores chegaram em 1956, mas logo esse número se multiplicou, implicando em um rápido crescimento populacional. Em 1957, segundo o IBGE, a população da região era de 12.283 pessoas; em 1958, já era de 28.804 pessoas. O afluxo populacional e o desejo do presidente Juscelino Kubitschek de conhecer melhor a população da região da futura capital do Brasil incentivaram a realização do Censo Experimental na região.
“O Senhor Presidente da República manifestara interesse de conhecer, de forma mais ampla possível, a situação demográfica da área da Nova Capital. Assim, a escolha de Brasília para campo de experimentação dos futuros censos brasileiros de população e habitação atendeu, portanto, a duplo objetivo”, relata a introdução da publicação da operação de 1959.
O Censo Experimental de 1959 revela que a população da futura capital era de 64.314 pessoas. A área do Plano Piloto era a mais ocupada (34.214 moradores), seguida do Núcleo Bandeirante (11.565).
Os resultados do Censo de 1960 mostram que a população de Brasília crescia rapidamente: 140.164 residiam na região – 87.202 homens (62,2%) e 52.962 mulheres (37,8%), com predominância da população na faixa etária de 20 a 24 anos (18,13%), e a idade média aproximada era de 22,1 anos. Para se ter uma noção, o Brasil tinha uma população de 70.070.457 pessoas – 35.055.457 homens e 35.015.000 mulheres, a faixa etária predominante era de 0 a 4 anos (15%) – o percentual de pessoas na faixa de 20 a 24 anos, no Brasil, era de 8,91. Além disso 63% da população de Brasília era urbana, enquanto o percentual era de 44,67% no Brasil.
A proporção de pessoas de 10 anos ou mais, economicamente ativas, era de 51%. Dessas, 90% eram homens. A maior parte das pessoas (51%), estava ocupada com atividades das indústrias de transformação e da construção civil.
Ainda na década de 1970, a população de Brasília ultrapassaria as metas do planejamento inicial, que previa uma população de 600 mil habitantes no ano de 2000 – em 1970, de acordo com o Censo daquele ano, Brasília tinha uma população 537.492 pessoas. Confira o crescimento da população, conforme os Censos, abaixo.
População residente no Distrito Federal, por sexo, segundo o ano de Recenseamento/Censo | |||
Ano | População Total | Homens | Mulheres |
1959 (Exp.) | 64.314 | 42.332 | 21.982 |
1960 | 140.164 | 87.202 | 52.962 |
1970 | 537.492 | 270.378 | 267.114 |
1980 | 1.176.908 | 573.860 | 603.048 |
1991 | 1.601.094 | 768.550 | 832.544 |
2000 | 2.051.146 | 981.356 | 1.069.790 |
2010 | 2.570.160 | 1.228.880 | 1.341.280 |
Fonte: IBGE – Censos Demográficos |
População economicamente ativa, por sexo | |||||||
Brasil e Unidade da Federação | Ano | Condição de atividade x Sexo | |||||
Total | Economicamente ativa | ||||||
Total | Homens | Mulheres | Total | Homens | Mulheres | ||
Brasil | 1991 | 112859578 | 55247139 | 57612439 | 58455803 | 39489091 | 18966712 |
2000 | 136910358 | 66851584 | 70058774 | 77467473 | 46546419 | 30921054 | |
2010 | 161981299 | 78757681 | 83223618 | 93504659 | 52826008 | 40678651 | |
Distrito Federal | 1959 | 64314 | 42332 | 21982 | 35201 | 32235 | 2966 |
1960 | 140164 | 87202 | 52962 | 71283 | 63899 | 7384 | |
1970 | 537492 | 270389 | 267103 | 178311 | 131004 | 47307 | |
1980 | 1176935 | 573724 | 603211 | 473182 | 303204 | 169978 | |
1991 | 1242734 | 586857 | 655877 | 700093 | 412070 | 288023 | |
2000 | 1658731 | 782708 | 876023 | 1027750 | 555204 | 472546 | |
2010 | 2180903 | 1030699 | 1150203 | 1402349 | 733005 | 669343 | |
Fonte: IBGE – Censos Demográficos |
De acordo com a Pnad Contínua Trimestral, no 4o trimestre de 2019, a população do DF era de 3.027.000. Dessas pessoas, 53,4% eram mulheres e 46,6% homens (tabela 5917); 48,5% eram pardas, 10,9% pretas e 39,2% brancas (tabela 6403); e o grupo de idade predominante era o de pessoas de 40 a 59 anos (27,7%), seguido do grupo com pessoas de 25 a 39 anos (23,8%) (tabela 5918). A Projeção da População do DF para 2020 é de 3.052.546 pessoas.
Conforme a Pnad Contínua Anual (Características Gerais dos domicílios e dos Moradores), em 2018, a população de Brasília era de 2.972.209 pessoas. Dessas pessoas, 52,2% eram mulheres, 47,8% homens; 50,4% pardas, 10,5% pretas e 37,5% brancas; e o grupo de idade predominante era o de 30 a 39 anos (17,9%), seguido do grupo de 40 a 49 anos (14,8%) – em 2018, 8,3% da população tinha de 20 e 24 anos (grupo predominante no Censo de 1960).
Observe que há várias pesquisas do IBGE que podem ser utilizadas para indicar dados como o quantitativo populacional, especialmente. Cada jornalista deve escolher aquela que julgar mais adequada, de acordo com a abrangência da informação requerida (relação com outros dados). A Pnad Contínua trimestral apresenta indicadores relacionados à força de trabalho, a anual traz outros temas e indicadores complementares à força de trabalho. Alguns dados são encontrados nas duas, outros não. Nelas, por exemplo, a variável grupos de idade da população é apresentada por faixas etárias diferentes; na Pnad Contínua Anual, são menos agrupadas. Já nos Censos Demográficos, é possível obter o total por idade, individualmente.
A Pnad Contínua trimestral (tabela 5919) mostra que, no 4o trimestre de 2019, no DF, o nível de instrução predominante era ensino fundamental incompleto ou equivalente (25,8%), seguido de ensino superior completo ou equivalente (25,3%) e ensino médio completo ou equivalente (24,9%). As pessoas sem instrução e menos de 1 ano de estudo representavam 5,5%. E o rendimento médio nominal de todos os trabalhos, habitualmente recebido por mês, em média, era de R$ 4.064 no DF (R$ 4.567,00 dos homens e R$ 3.512,00 das mulheres). No Brasil era de R$ 2.340,00 (R$ 2.578,00 dos homens e R$ 2.032 das mulheres) . Ver tabela 5429. Além disso, segundo a pesquisa, no DF, os grupamentos de atividades no trabalho principal predominantes eram: administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (28,3%), informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (18,7%) e comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (16,9%). O grupamento construção (construção e incorporação de edifícios, obras de infraestrutura e serviços especializados para construção) correspondia a 5,8% e indústria de transformação a 4,1% (tabela 5434).
De acordo com o Censo Demográfico 2010, 57,3% da população de Brasília era solteira (tabela 1624). A religião de 56,6% era a católica apostólica romana, de 26,8% evangélica, 13,6% evangélicas de origem pentecostal e 9,2% não tinham religião. Aproximadamente 3,5% declararam seguir a religião espírita (tabela 1489). No DF, das mulheres de 10 anos ou mais de idade (1.150.203), 58% tiveram filhos nascidos vivos. Considerando o total de filhos nascidos vivos (1.725.665), a média era de 1,5 filhos por mulher. No Brasil, das mulheres de 10 anos ou mais de idade (83.223.618), 61,82% tiveram filhos nascidos vivos. Considerando o total de nascidos vivos (154.101.639), a média era de 1,85 filhos por mulher (tabela 96 e tabela 97).
Segundo com a pesquisa Estatísticas do Registro Civil (2018), o grupo de idade com maior percentual de nascidos vivos, no DF, foi o de mães de 30 e 34 anos (24,11%). No Brasil, o grupo com percentual mais expressivo foi o de mães de 20 a 24 anos (24,40%) (tabela 2609).
Características dos domicílios
Segundo o Censo 1960, os domicílios particulares permanentes, isso é, aqueles construídos para fins residenciais, eram 24.211. Entre os domicílios considerados na amostra, 35% tinham iluminação elétrica, 29% utilizavam a rede geral para abastecimento d’água e 19% tinham as instalações sanitárias ligadas a escoadouros da rede geral. Além disso, 51% eram próprios e 25% alugados. Apenas 13,67% possuíam geladeira e 5,84% TV. Em compensação, 30,48% possuíam rádio.
A partir da Pnad Contínua anual de 2018, verificamos também que o número de domicílios correspondia a 1.014.643 – 2,93 pessoas por domicílio. Quase 17% dos domicílios tinha apenas um morador. Do total de domicílios, 68,9% eram casas e 30,4% apartamentos; 53,1% próprios/ já pagos e 29,8% alugados. E ainda, 99,9% dos domicílios tinham acesso à rede geral de energia elétrica ou fonte alternativa, 95,4% tinham como fonte de abastecimento de água a rede geral de distribuição e 87,3% tinham como esgotamento sanitário a rede geral ou fossa ligada à rede. A coleta de lixo direta, porta a porta, correspondia a 87,9%.
Ainda de acordo com a Pnad Contínua anual de 2018, naquele ano, 99,1% dos domicílios da capital federal tinham geladeira, 83,7% máquina de lavar roupa, 66,5% automóvel, 8,2% motocicleta e 5,8% automóvel e motocicleta. Além disso, segundo a Pnad Contínua de 2017 (Acesso à internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal), 98,3% dos domicílios tinha televisão (78,7% de tele fina), 98,9% dos domicílios tinham telefone (45,8% fixo convencional e 97,6% móvel celular), 68,3% tinham microcomputador ou tablet e 91,3% utilizavam internet, considerando qualquer forma de acesso (média muito superior à do Brasil, 74,9%).
Lugar de nascimento da população residente no DF
Em 1959, do total de pessoas residentes na região, apenas 7.361 tinham nascido no território da futura capital federal (menos de 12%); 55.737 haviam nascido em outras Unidades Federativas e 1.216 em países estrangeiros. Mais da metade dos imigrantes eram naturais de Goiás (23,3%), Minas Gerais (23,3%) e Bahia (13,5%), estados mais próximos. O último Censo (2010) indicou que, entre o total de pessoas residentes no DF, 602.104 (23,43%) nasceram na região Nordeste, 321.368 (12,5%) nasceram na região Sudeste, 47.783 (1,86%) nasceram na região Norte, 38.634 (1,5%) nasceram na região Sul e 53,73% nasceram no DF (tabela 631).
População residente no DF, por lugar de nascimento | ||
Lugar de nascimento | População residente no DF | |
Pessoas | % | |
Rondônia | 1.968 | 0,08 |
Acre | 1.595 | 0,06 |
Amazonas | 4.957 | 0,19 |
Roraima | 722 | 0,03 |
Pará | 16.900 | 0,66 |
Amapá | 1.017 | 0,04 |
Tocantins | 20.624 | 0,8 |
Maranhão | 119.995 | 4,67 |
Piauí | 130.416 | 5,07 |
Ceará | 89.912 | 3,5 |
Rio Grande Norte | 24.644 | 0,96 |
Paraíba | 54.791 | 2,13 |
Pernambuco | 39.062 | 1,52 |
Alagoas | 7.083 | 0,28 |
Sergipe | 4.816 | 0,19 |
Bahia | 131.385 | 5,11 |
Minas Gerais | 199.517 | 7,76 |
Espirito Santo | 7.315 | 0,28 |
Rio de Janeiro | 64.569 | 2,51 |
São Paulo | 49.967 | 1,94 |
Paraná | 11.542 | 0,45 |
Santa Catarina | 5.446 | 0,21 |
Rio Grande do Sul | 21.645 | 0,84 |
Mato Grosso do Sul | 5.382 | 0,21 |
Mato Grosso | 6.556 | 0,26 |
Goiás | 153.421 | 5,97 |
Distrito Federal | 1.380.873 | 53,73 |
Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2010 |
Foto: Gabriel Jabour/ Agência Brasília