Luciano Carvalho: ‘A pandemia não parou as obras no DF’
Secretário de Obras mostra balanço do que já foi feito em um ano e meio de governo e fala sobre o que vem pela frente
HÉDIO FERREIRA JÚNIOR, DA AGÊNCIA BRASÍLIA I EDIÇÃO: CAROLINA JARDON
A pandemia do novo coronavírus e suas consequências afetam o mundo todo, mas diante das dificuldades, a Secretaria de Obras do Distrito Federal decidiu não parar. Enquanto as autoridades de saúde dão prosseguimento às medidas de prevenção ao contágio e tratamento da Covid-19 no DF, as máquinas mantêm o ritmo das benfeitorias de que o Plano Piloto e as demais regiões administrativas precisam para progredir.
Com o pavimento do Eixão completamente recuperado e seguro, o prosseguimento da revitalização das tesourinhas já na segunda das quatro etapas e a liberação do Completo Viário Governador Joaquim Roriz, na Saída Norte de Brasília, o Governo do Distrito Federal (GDF) segue o cronograma de obras planejado para os quatro anos de governo.
Para entender o que está sendo feito e o que começa a ser executado já neste segundo semestre, a Agência Brasília foi ouvir o secretário de Obras e Infraestrutura Luciano Carvalho. Na conversa a seguir, ele explica como as obras avançaram em Vicente Pires, os primeiros passos para início da construção dos viadutos de Taguatinga e da Epig, além de outras revitalizações em andamento no Plano Piloto. “Obras que serão entregues ainda neste governo, além de outras que virão.” Confira os principais trechos da entrevista.
A Secretaria de Obras faz obras de grande, médio e pequeno porte. Quantas estão em andamento?
A gente tem a sequência dos trabalhos de Vicente Pires que são o grande destaque do momento e todos os contratos que estão em andamento vão ser finalizados até o final de 2020 como era a promessa do governador Ibaneis Rocha.
Como a pandemia do coronavírus afetou o andamento das obras no DF, e quais cuidados passaram a ser tomados pra prevenção do contágio da Covid-19 entre os trabalhadores?
Não afetou em nada no andamento das obras. Nós tomamos medidas preventivas junto às empresas e suas associações, sindicatos, como Sinduscon-DF [Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal]. Foi feita uma normativa de prevenção, de aquisição de equipamentos de proteção individual na prevenção ao contágio do coronavírus e nada foi afetado. Está tudo normal. E não tivemos proliferação de casos dentro do setor. Tudo tem seguido muito tranquilo.
Então a população pode esperar que, com o início da estiagem, os trabalhos sejam ainda mais acelerados e a urbanização de Vicente Pires fique 100% concluída este ano?
É importante dizer o seguinte: não vai ficar 100% pronta porque – vou repetir a frase para que fique mais claro – todos os contratos que estão em andamento serão 100% finalizados até o final do ano. Tem obras lá que precisam ser contratadas e estão em processo de contratação agora, então pode ser que a gente ainda chegue até o final do ano sem entregar tudo. Mas já estará contratado também.
Isso representa que percentual de conclusão?
Ah, vai estar 80% da cidade pronta. Até mais um pouco, talvez. As ruas principais vão estar todas prontas. Rua 3, Rua 4, Rua 7, Rua 10… que eram as mais problemáticas. Em termos de percentual de execução é 80%, mas em resolução dos problemas será mais de 90% dos problemas resolvidos.
Ano passado, a Secretaria de Obras teve que rescindir contrato de urbanização no Sol Nascente depois que uma das integrantes dos consórcios responsáveis pela execução dos serviços entrou em processo de recuperação judicial. A nova licitação está prevista para o dia 22 deste mês. Qual vai ser o objeto dessa nova licitação e qual é o panorama dos serviços?
São duas licitações que nós vamos ter para o Sol Nascente. Essa de 22 de junho é para contratação dos projetos do Trecho 1 e do Trecho 3. Vale lembrar que o Trecho 1 é uma obra contratada e 100% entregue o objeto dela. O que iremos fazer lá agora são áreas remanescentes que precisam ser projetadas e executadas ainda. O projeto do Trecho 3 que temos em mãos é de dez anos atrás, está muito defasado. A ocupação da cidade mudou completamente, então ele é inexequível, não tem como executá-lo mais. Daí estamos contratando um novo projeto para o Trecho 3 também para poder depois licitar a obra dele. O Trecho 2 é outra licitação que nós vamos lançar, e que está sendo encaminhado para a Novacap a licitação para esse trecho e, aí sim, para execução de obras. Então ela deve ser publicada no mês de junho e realizada no mês de julho. Aí são as licitações para o Sol Nascente: uma de projeto e a outra de obra.
O que falta para que o Sol Nascente/Pôr do Sol seja 100% urbanizado?
São três trechos: 1, 2 e 3. O Trecho 1, como te falei, o objeto contratado foi executado 100%. O que falta de área remanescente são pontas de rua, trechos pequenos. O Trecho 2 tem mais ou menos 65% da obra pronta. E o 3 tem em torno de 30%, 35% de obras executadas.
O governo pegou o Complexo Viário Governador Joaquim Roriz com apenas cerca de 20% das obras feitas e conseguiu, em menos de um ano e meio, entregá-lo à população. O que uma intervenção dessa magnitude representa para quem passa diariamente pela Saída Norte do Plano Piloto?
Isso é um contrato antigo que o GDF já tinha e realmente estava com um índice de execução muito baixo [quando o governador Ibaneis assumiu o mandato, em 2019] e que nós conseguimos, com um ano e cinco meses e uma boa gestão e uma boa condução, avançar com as obras e fazer essa entrega para a população. Beneficia toda a região norte da cidade, com um tráfego intenso de veículos indo e voltando de Sobradinho, Colorado, Sobradinho II, Fercal, Planaltina, e os próprios moradores do Lago Norte e Taquari se beneficiam dessa melhoria. É uma entrega que coloca a Saída Norte num patamar completamente diferente. O volume de trânsito que existia ali vai ter uma fluidez muito melhor. As pessoas vão economizar tempo no deslocamento de casa para o trabalho, do trabalho pra casa… Então, é uma perspectiva bem diferente com uma melhora muito grande.
É uma fluidez semelhante ao que se projeta com a construção do túnel de Taguatinga?
Sim. Ali em Taguatinga, para você ter uma ideia, circulam em torno de 135 mil veículos por dia. O centro de Taguatinga fica muito sobrecarregado, porque quem quer só passar pelo centro no sentido Ceilândia-Plano Piloto, por exemplo, ou vice-versa, vai só passar por baixo. Então teremos um trânsito livre, com o desafogamento do centro de Taguatinga, que é muito congestionado, trazendo um grande benefício para aquela população da própria cidade, além de Ceilândia, do Sol Nascente, do Pôr do Sol, de Samambaia… É um ganho muito grande para quem estiver só de passagem por lá.
Em que pé está aquela obra?
Nós estamos finalizando os projetos que faziam parte do escopo do contrato. Estamos fazendo os desvios no trânsito necessários para quando a gente fechar o centro de Taguatinga, e agora, neste mês de junho, vamos fechar o trânsito no centro da cidade e começar a fazer a escavação. E a população começar a enxergar alguma execução de obra.
E o viaduto da Epig? Como está o processo para início de execução da obra?
Já está publicado o edital, e a licitação vai ocorrer agora em junho. É uma obra de R$ 26 milhões, com recursos da Caixa Econômica Federal. Essa obra, a gente chegou a lançar o edital no final do ano passo, mas o Tribunal de Contas do Distrito Federal nos pediu algumas modificações no edital e no projeto e nós fomos obrigados a fazer a alterações necessárias. Como é uma obra que inclui financiamento, nós tivemos que levar à Caixa novamente para que ela pudesse aprovar as alterações. Vencemos todas essas etapas, e agora, este mês, ocorre a licitação do viaduto que liga o Parque da Cidade ao Sudoeste. O trânsito na Epig passará a ficar livre, sem mais aqueles semáforos confusos.
Voltando a Taguatinga, a revitalização da avenida Hélio Prates era uma determinação do governador para este ano. Será possível? Para quando?
Este mês vamos publicar o edital da primeira fase. Nela, vamos fazer o primeiro trecho de revitalização, que é o seguinte: todos aqueles estacionamentos e calçadas vão ser revitalizados. As calçadas passarão a ser acessíveis – porque hoje, para se caminhar ali, é cheio de degraus e desníveis em desacordo com a nossa legislação urbanística –, com acessos adequados para as lojas. E os estacionamentos que estão completamente desordenados vão receber urbanização, com fluxo correto de estacionamento. Isso será dividido em três etapas de obras. A primeira licitação será publicada agora em junho, ocorrendo em julho, e na sequência as outras duas etapas. E depois a via central do trânsito de veículos e ônibus será completamente remodelada, com a recuperação completa do pavimento, faixa para ônibus… Enfim, será uma Hélio Prates completamente renovada em pouco tempo. Assim como na W3 Sul está sendo um trabalho em sequência, nós faremos na Hélio Prates também e vamos entregá-la completamente pronta.
Por falar em W3 Sul, como seguem as obras por lá?
Nós já fizemos a entrega da 511 e da 512, e está em execução a obra na 509 e na 510, com cerca de 60% já concluída. A licitação das obras da 513 e 514 já foi aberta e devemos começar em breve. E depois vamos lançar mais duas licitações: uma que vai da 502 à 508 Sul, e outra, que será a última etapa, que serão as quadras 515 e 516. Nossa ideia é chegar ao final do ano com toda a W3 concluída, ou então em fase final de obras.
A revitalização do Setor de Rádio e TV Sul (SRTVS) é uma obra à parte, correto?
Sim, é uma obra à parte. O SRTVS hoje é muito confuso, muito desordenado, com calçadas e estacionamentos muito ruins. Então nós vamos estabelecer uma ordem urbana ali por meio de um projeto muito bem feito pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação [Seduh] – nós fizemos o projeto executivo –, com projeção de ser licitação já marcada para junho.
Será possível promover ali uma reorganização sem perder espaço de estacionamentos, um dos maiores problemas para quem trabalha e frequenta a região?
A visão da Seduh hoje, e com a qual a gente compartilha, é a de que, mesmo que não se ganhe mais vagas de estacionamento, quando se traz uma ordem tem-se um ganho de qualidade muito grande. Então aquela bagunça de carros estacionados de tudo quanto é jeito, de forma bagunçada, vai deixar de existir. Quando se ordena isso, você traz muito mais conforto para a população, além de segurança.
Do que ainda depende a conclusão da W9, no Noroeste? Por que as obras foram iniciadas e interrompidas? Qual a previsão de que a via fique finalmente completa?
Ali houve um primeiro movimento de obra porque a gente trabalhou na etapa que podíamos fazer sem interferir nas casas existentes dos índios. Foi feito um acordo acompanhado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios [MPDFT], Funai e GDF para que a passagem seja liberada para conclusão da via W9. A nossa parte foi cumprida e a primeira parte foi feita. Mas, para darmos sequência, os índios têm que desocupar as casas existentes e a gente fazer a demolição. Para isso, a Terracap fez as residências novas, que já estão prontas, e que estão em fase final de recebimento, vamos dizer assim, pela Funai e pelo MP, para que os índios se mudem para as residências novas e nós possamos dar continuidade.
O que foi feito ali nessa primeira fase?
Serviços de drenagem, basicamente. Fizemos a limpeza da área, o movimento de terra e a drenagem. As casas estão prontas, mas só estamos aguardando um OK do MPDFT e dos representantes dos índios para que possamos dar prosseguimento. A nossa parte está feita.
Como segue o trabalho da Secretaria de Obras na expansão de ciclovias na cidade?
No Noroeste, por exemplo, estamos concluindo um trecho de ciclovia na W7, ao lado do Parque Burle Marx, que estava parcialmente executada, mas atendia uma demanda antiga dos moradores. Colocamos a Novacap para executar e isso trará muitos ganhos aos frequentadores, com uma faixa exclusiva para o trânsito de bicicletas, para corrida e prática de esportes. Está sendo feita também uma ciclovia por uma obra terceirizada do DER-DF, na ligação na DF-459, entre Samambaia e Ceilândia. A obra por lá está bem avançada e deve ser entregue nos próximos 30 dias.
Há uma polêmica envolvendo moradores da Asa Sul contrários à padronização do revestimento dos túneis das tesourinhas e à retirada dos ladrilhos originais. Há uma descaracterização do projeto ao padronizar o revestimento das asas Sul e Norte – onde não há esses ladrilhos?
Na Asa Sul, onde as tesourinhas foram construídas primeiro, sempre teve esse revestimento de ladrilhos. Na Asa Norte, que surgiu depois, sempre foi concreto. Antes de iniciar as obras, nós consultamos o Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] com a ideia de padronizar. A opção que prevaleceu foi manter tudo em concreto, porque para fazer a recuperação das estruturas na Asa Sul seria necessário que removêssemos como estava. Foi tudo consultado, conversado, está tudo sendo muito bem feito e vai dar mais anos de vida com qualidade para essas obras de arte que são as tesourinhas.
A previsão nesses próximos dois anos e meio de governo é que o DF passe por grandes obras transformadoras das cidades?
Sim, e tem muitas outras coisas em planejamento que nós iremos divulgar aos poucos. Essas obras todas que nós falamos serão entregues ainda neste governo e outras virão ainda, com certeza.