Coronavírus: obesidade pode prejudicar eficácia da vacina

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Médico explica que índices elevados de massa corporal estão diretamente relacionados à imunossupressão e menor resposta a vacinas

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), principal entidade de saúde pública nos EUA, emitiu alerta para o fato de que a obesidade pode prejudicar eficácia da vacina contra o novo coronavírus. O médico Cid Pitombo, coordenador do Programa de Cirurgia Bariátrica do Estado do Rio de Janeiro, vem alertando para esse fator há alguns meses. Esse é um dado alarmante, se for levado em consideração que metade dos brasileiros está acima do peso e 20% dos adultos estão obesos, de acordo com o Ministério da Saúde.

“Estudos científicos já indicam que vacinas para doenças como gripe, tétano e hepatite B são menos eficazes em adultos obesos do que na população em geral. Isso deixa esse enorme número de brasileiros mais vulneráveis a essas doenças. Não será diferente em relação ao novo coronavírus. Quando a vacina chegar, e há indicação de que ela virá em breve, os obesos seguirão mais suscetíveis à Covid-19”, destaca o especialista Cid Pitombo.

Coronavírus: vacina e obesidade

“O obeso é um inflamado crônico. Minha tesa de doutorado na Unicamp foi justamente sobre os efeitos dos agentes inflamatórios produzidos pela gordura, principalmente pela gordura visceral, sobre a resistência insulínica e produção do diabetes, também sobre as doenças coronarianas e o fígado. Por isso, vírus de alto impacto no organismo são mais graves entre os obesos por conta dessa condição da doença”, destaca Cid Pitombo

Alguns estudos internacionais já vêm alertando o que a experiência brasileira também confirma: obesos têm mais chances de apresentar casos graves para o novo coronavírus, com longas internações e maior percentual de morte.

Alerta da ciência mundial

Em março, ainda no início da pandemia global, um estudo chinês descobriu que pacientes mais gordos atingidos pela Covid-19 tinham maior probabilidade de morrer do que pacientes mais magros. Em abril, cientistas da Universidade de Nova York (NYU) descobriram que a obesidade era o fator mais importante para a hospitalização ou não de um paciente após a infecção pelo novo coronavírus. Eles conduziram o maior estudo realizado em hospitais dos Estados Unidos nesta pandemia e indicaram que a composição corporal desempenhou um grande papel na resposta de cada indivíduo ao Covid-19.

Na sequência, pesquisadores franceses do Instituto Lille Pasteur examinaram 124 pessoas internadas com coronavírus e descobriram que 47,6% eram obesas e 28,2% tinham obesidade mórbida, quando o Índice de Massa Corporal é superior a 35. E, em junho, estudo do Reino Unido apontou que mesmo obesos leves têm mais risco de desenvolver versão grave da Covid-19.

“As evidências são enormes. É essencial que pacientes obesos tenham consciência de que são um grupo de maior risco para a doença e sigam as medidas de prevenção e controle de contaminação, mesmo após a vacina”, destaca o médico e pesquisador Cid Pitombo. Foto: Shutterstock/ Fonte: Cid Pitombo

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