‘Criminalidade se combate com polícia nas ruas’

Secretário de Segurança, Anderson Torres, revela como o governo tem atuado para diminuir os crimes contra a vida

Foto: Paulo H Carvalho / Agência Brasília

Considerado o bem mais importante de todo ser humano, a vida é uma prioridade para o Governo do Distrito Federal. Prova disso é o investimento que se tem feito na segurança pública. Valorização dos servidores, aquisição de equipamentos, viaturas e, principalmente, planejamento e ação. A mistura dessas iniciativas já tem apresentado resultados efetivos.

Nos primeiros oito meses do ano, os crimes violentos e letais intencionais (CVLIs) diminuíram consideravelmente em comparação ao mesmo período de 2019. Levantamento da Secretaria de Segurança Pública aponta redução em vários crimes contra a vida: as tentativas de latrocínio (-28,5%), homicídio (-10%) e feminicídio (-49,2%).

Em entrevista à Agência Brasília, o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, revela como o órgão atua para proteger a população da capital e é taxativo: “a população pede e deseja na capital: a polícia nas ruas, abordando as pessoas e atuando nos locais com mais incidência criminal. Criminalidade se combate com polícia nas ruas e é o que temos feito”.

Delegado experiente da Polícia Federal, o titular da segurança faz um balanço positivo da Operação Quinto Mandamento, que reúne a atuação simultânea das forças policiais com objetivo de reduzir ainda mais a criminalidade. Torres adianta que, até o final deste ano, todas as regiões administrativas do DF receberão a ação e que a ideia é alcançar as áreas rurais.

O secretário também destaca os investimentos do governo na aquisição de viaturas, armamento e modernização. Fala sobre a integração entre os órgãos, a atuação das forças com planejamento e, o reajuste salarial das categorias.   

Em agosto, a Secretaria de Segurança iniciou a “Operação Quinto Mandamento” com objetivo de reduzir crimes violentos. Como funciona essa ação? Todas as regiões administrativas do DF serão fiscalizadas?    

Com dois meses de atuação aos fins de semana e sem data para acabar, a Operação Quinto Mandamento envolve todas as forças de segurança, como as Polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros, Detran [Departamento de Trânsito do DF] e outros órgãos parceiros, como o DF Legal e DER [Departamento de Estradas de Rodagem do DF]. A ação vem ao encontro com o que a população pede e deseja na capital: a polícia nas ruas, abordando as pessoas e atuando nos locais com mais incidência criminal. Criminalidade se combate com polícia nas ruas e é o que temos feito. Até o final deste ano, vamos fiscalizar todas as regiões administrativas. Também vamos começar a atuar nas áreas rurais, pois as demandas estão crescendo cada vez mais nesses lugares.

Qual avaliação o senhor faz desses dois meses da operação?

Os números falam por si. Só no final de semana passado, envolvemos mais de 150 servidores de todas as forças policiais e realizamos mais de 500 abordagens. Cerca de 200 veículos foram parados e fiscalizados, sejam em blitzes ou abordagem policial. Conseguimos apreender maconha e haxixe. Cinquentas estabelecimentos comerciais foram vistoriados, notificamos falta de equipamento de combate a incêndios, alertamos com a ajuda da defesa civil irregularidades estruturais no comércio. Isto tudo numa única ação de final de semana. Veja que envolvemos toda a questão da segurança pública do cidadão. Essa operação é um reforço preventivo e mostra a presença ostensiva das forças policiais nas ruas.

Por que a escolha do nome “Quinto Mandamento”?

Remete ao quinto mandamento dos cristãos: “Não matarás”. O foco dessa operação é a prevenção e repressão de crimes como o tráfico de drogas e o porte ilegal de arma, que estão diretamente relacionados com os crimes violentos contra a vida.

O número de câmeras de monitoramento aumentou 49% no último ano. As corporações receberam novas viaturas. De que forma todo esse investimento ajuda na redução da criminalidade?

Ajudam muito e estamos trabalhando para equipar e modernizar cada vez mais nossa polícia. Quase dobramos o número de câmeras no DF desde que assumimos a gestão. Passamos de pouco mais de 500 câmeras instaladas para 859. Isto traz uma sensação de segurança e nos auxilia no monitoramento nas ruas, dos crimes e das desordens urbanas. A ideia é instalar mais equipamentos e investir na modernização do Ciob [Centro Integrado de Operações de Brasília], porque a gente precisa acompanhar a tecnologia, que avança muito rápido. A previsão é fazer tudo isso no próximo ano. Com relação às viaturas e equipamentos, as corporações têm mantido uma regularidade muito grande na aquisição. A Polícia Civil estava sucateada no começo de 2019. No entanto, agora, a situação é outra. Adquirimos novas viaturas, mais armamento, equipamentos bem mais modernos. A Polícia Militar também está reforçando nessa questão. Com isto, além de manter a qualidade do serviço prestado à população, também garantimos segurança para os policiais e damos mais condições de trabalho.

Os crimes contra a vida, como homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte, diminuíram nos primeiros oito meses deste ano, em comparação ao ano passado. Ao que o senhor atribui esse resultado?

Um dos nossos principais focos, da Secretaria de Segurança Pública e do plano estratégico de governo, está no combate aos crimes contra a vida. Nesse sentido, entra a Operação Quinto Mandamento. O segredo para alcançar nosso objetivo é estudar, pesquisar, investir em tecnologia. Por meio da Câmara Técnica de Monitoramento de Homicídios e Feminicídios [CTMHF] acompanhamos o desenrolar dos crimes, estudamos como ocorrem, a motivação, o local e como acontecem. Ou seja, fazemos toda uma análise da criminalidade nas diversas regiões do DF. Com base nessa pesquisa, produzimos as ações e políticas públicas. Não são medidas que tiramos da nossa cabeça. Tudo é estudado e pesquisado com base nos casos que ocorrem na capital. Nesse sentido, propusemos, por exemplo, a Operação Quinto Mandamento e um tratamento especial nas perícias de feminicídio. E o resultado dessas ações é a diminuição da criminalidade no DF. Outra ação importante foi o investimento e foco na questão da resolução dos crimes. No ano passado, a Polícia Civil criou um sistema novo de atuação. Quando há um comunicado de crime com morte, uma equipe do Plantão Extraordinário de Local de Crime [PEL], que trabalha 24 horas, é imediatamente deslocada para o local. Isso é fundamental para proteger o lugar, fazer os primeiros levantamentos, colher evidências. Quanto mais rápido a polícia chega no local, mais fácil fica a elucidação do crime. Essa integração e atuação nos levam ao nível de excelência na investigação criminal. Estamos entre os melhores do mundo. Nossos índices de resolução de crimes estão acima dos 90%.

Entre janeiro e agosto desde ano, os casos de feminicídio caíram 42,8%. Qual a avaliação do senhor com relação a esse dado?

Desde o início, não só a Secretaria de Segurança Pública, mas todos os órgãos do governo local, se mobilizaram no combate à violência contra a mulher. Inauguramos mais uma Delegacia de Atendimento à Mulher, na Ceilândia; colocamos as delegacias circunscricionais para funcionar 24h; campanhas preventivas para estimular a denúncia…uma soma de ações que promoveram um grande avanço. O feminicídio não é algo que se acaba do dia para noite. É um crime que envolve uma série de aspectos culturais que, com o tempo, vamos conseguir conscientizar cada vez mais pessoas. Os projetos da pasta, o acolhimento às vítimas, a repressão imediata, a pena dos condenados que aumentou. Todas essas ações têm gerado bons resultados e os números não mentem. O ano passado, primeiro da nossa gestão, foi muito violento. Estudamos e entendemos o que estava acontecendo e, em 2020, os resultados começaram a aparecer.

O DF saltou da sexta para a terceira posição do Ranking de Competitividade dos Estados 2020, lançado neste mês. O levantamento foi criado pelo Centro de Liderança Política (CPL) para auxiliar gestores públicos a tomar decisões, sendo a Segurança Pública o principal pilar da análise. Qual a expectativa para o próximo ano?

A perspectiva é a melhor possível. Vamos continuar melhorando. Os números em Brasília são muito baixos, queríamos que fossem zero, mas isso é difícil. Para baixar mais ainda criamos estratégias e dividimos o DF nas microrregiões, atuando especificamente nesses locais. Estamos evoluindo o nosso modo de trabalhar. Não adianta a gente pensar em como investigar Taguatinga, por exemplo, temos que ver exatamente onde nessa cidade acontecem os crimes.

Como funciona a integração com os outros órgãos de segurança e fiscalização, que são independentes, mas que pertencem a Secretaria de Segurança, como a Polícia Civil, o Departamento de Trânsito do DF e o Sistema Penitenciário?

Seguimos a orientação do Sistema Único de Segurança Pública [Susp] do governo federal. Os órgãos têm a independência deles, mas são vinculados à secretaria. Temos uma única política de segurança no DF, que é coordenada pela secretaria e executada pelas forças, cada uma cumprindo seu papel. E é dessa forma que o sistema funciona, direcionamos para que todos se integrem. É uma cadeia de comando, que vem do governo federal orientando como os estados devem fazer, mas cada um com sua independência.

A ação integrada do GDF para o atendimento a pessoas em situação de rua no Setor Comercial Sul (SCS) contou com a participação da Secretaria de Segurança. De que forma o órgão continua atuando na região central da capital?

Continuamos dando apoio aos outros órgãos do GDF. O Setor Comercial Sul está passando por um momento único que precisava passar. Ajudamos no acolhimento, apoio aos órgãos de fiscalização, combatendo o transporte pirata, o tráfico de drogas e diversos outros crimes, com destaque para aqueles que exploram as pessoas em situação de rua. Isso não vamos aceitar. É a capital da República! Com base na legislação, vamos organizar essa área central de Brasília, trazendo mais segurança e dando uma vida digna aqueles que mais precisam.

O Senado Federal aprovou a Medida Provisória nº 971/2020, que concede reajuste para policiais e bombeiros do DF. De que forma o GDF trabalhou por essa conquista?

O reajuste foi uma grande vitória. Uma conquista difícil. Trabalhamos nisso há mais de um ano, desde o início da gestão. Foram várias visitas e reuniões com o governo federal. Sabemos da dificuldade e enfrentamos algumas críticas. Mas o fato é que foi uma vitória merecida para as forças de segurança, dos policiais militares e civis e bombeiros que trabalham aqui. Especialmente nesse momento difícil, devido a pandemia do novo coronavírus, que eles estão se expondo na linha de frente, correndo atrás, servindo a população, veio esse reconhecimento.

ANA LUIZA VINHOTE, DA AGÊNCIA BRASÍLIA I EDIÇÃO: CAROLINA JARDON

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