Ciplan cobra retorno dos incentivos fiscais do Governo de Brasília
Zuleika Lopes
A crise econômica brasileira atingiu com força o já pequeno parque industrial do Distrito Federal e Entorno. Responsável por 45% do mercado cimenteiro do DF, a empresa Ciplan Cimento Planalto S/A, localizada na Fercal, calcula os prejuízos e a diminuição dos investimentos em maquinário e pessoal. Cimento na economia é como o sal na cozinha. Não pode faltar. Dados do Sinduscon- DF indicam que 10 mil trabalhadores da construção civil foram demitidos em 2015. Roberto Castelani, presidente da Ciplan S/A, propõe um diálogo profissional entre GDF e empresas.
A indústria cimenteira do Distrito Federal tem sentido o impacto da crise econômica que o Brasil e o DF passam? Sem dúvida. Como tem sido esse impacto?
A insegurança do empresariado tem levado Brasília ao pior momento da construção civil. Alinhado a isso, o Governo do Distrito Federal suspendeu projetos de infraestrutura, com isso, as vendas de cimento reduziram 30% quando comparado ao mesmo período do ano passado.
A Ciplan tem alguma estratégia especial traçada para o período de crescimento baixo do país?
A Ciplan sempre investiu em modernização e expansão da unidade fabril, evitando que Brasília e o Entorno importassem cimento de outros estados. Sabemos que o custo do frete impactaria no bolso do consumidor. Porém, este ano estamos com todos nossos projetos suspensos, sendo assim, será inevitável que a mão de obra dependente
desses projetos seja dispensada. Estamos reduzindo nossos custos para evitar que a demissão atinja nossos colaboradores.
Ao que o senhor atribui o mal momento do país? Nossa política é imediatista, deixando a preocupação com o médio e longo prazo para segundo plano. Sabemos que um país para crescer de forma sustentável deve ter políticas menos populistas. O que pode ser feito?
Sou a favor de buscar modelos que deram certo no mundo: exemplos de países que passaram por guerras devastadoras, inflação fora de controle, crises estruturais e ao final de uma boa gestão conseguiram se erguer.
Quais são os principais problemas enfrentados pelas fábricas instaladas no DF e que o governo local tem dificuldade de resolver?
Ainda confio que o governo atual olhe para a indústria no DF de forma profissional. É necessário diálogo entre as partes para entender dificuldades e buscar soluções. Trabalhei em outros estados no Brasil e sinto que o DF ainda tem dificuldade em tratar a indústria como um negócio importante para a geração do emprego e crescimento da arrecadação. Um exemplo foi o Decreto 36244, assinado dia 2 de janeiro de 2015, suspendendo de forma temporária os programas de incentivo fiscal das empresas. Esse tipo de atitude leva as indústrias a rever seu plano de investimento. A Ciplan conseguiu crescer de forma importante
nos últimos anos devido ao incentivo fiscal e à confiança dos acionistas na região, porém, fatos como esse levam o empresário a rever seus planos de futuro.
O que o senhor acha que precisa ser feito para melhorar e viabilizar a atividade industrial no DF?
O novo governo do DF diz a todo o momento que herdou um caixa deficitário e que está trabalhando para organizar as contas.
Creio que isso não impede que o diálogo com o empresário comece a fluir de forma profissional. Várias ideias podem surgir e ambos podem contribuir para que o Distrito Federal e as empresas possam sobreviver a este momento de crise e sair mais fortalecidos.
Qual a participação da Ciplan no mercado de cimentos local?
Em Brasília temos 45% de share. Atualmente temos 1.100
funcionários em todo o país.