ENTREVISTA : CINEASTA PEDRO LACERDA ” Fazer cinema no Brasil é um sacerdócio”
Jornal Sobradinho Hoje – Quais os principais filmes de sua carreira?
Pedro Lacerda: Foram os premiados curtas de ficção, “A Cucaracha”, e o “O Anjo”. O premiado documentário Bumba (Seu Teodoro) Meu Boi, sobre a vida do Mestre Teodoro Freire do Bumba Meu Bom de Sobradinho, e o longa metragem, Vidas Vazias e as Horas Mortas, que está pronto para ser lançado nas salas de cinema.
JSH – Que tipo de reconhecimento essas produções tiveram por parte da crítica e do público em geral?
P.L: Olha, O curta “A Cucaracha”, recebeu prêmio internacional, participou de mais de 25 festivais internacionais e nacionais de cinema. Foi exibido em Munique\ Alemanha, Trieste\ Itália, Santiago\Chile, entre outros lugares. O longa Vidas Vazias e as Horas Mortas participou da seleção oficial do FESTIn – Festival de filmes de língua portuguesa, em Lisboa\PT. Eu estive festival como convidado e pude ver de perto a excelente recepção que o filme teve em terras portuguesas.
JSH – Como é trabalhar como cineasta no Brasil e no DF ?
Os apoios e patrocínios têm acontecido?
P.L: Trabalhar com cinema é um eterno desafio. Além da mediocridade que reina hoje de modo geral na cultura brasileira, no caso específico do cinema, as coisas funcionam mais ou menos assim: você monta uma empresa e fica aguardando por anos que apareça um edital de fomento. Enquanto isso, você paga impostos, luz, telefone e contador, até conseguir entrar em algum edital de fomento. Quando consegue, às vezes o seu projeto é indeferido, e assim você espera mais alguns anos, gastando o seu dinheiro, pagando impostos e contador até ser obrigado a desistir. Olha, sem uma continuidade de fomento para a produção e para o lançamento dos filmes, fica impossível pensar em sobreviver de cinema no Brasil.
JSH – Fale sobre Vidas Vazias e Horas Mortas e sobre o seu lançamento nos cinemas ?
P.L: O filme longa-metragem Vidas Vazias e as Horas Mortas, teve 95% de suas cenas rodadas em Sobradinho, Sobradinho II, Vila Rabelo e Fercal. Hoje está prontinho e há algum tempo estou correndo atrás de financiamento para promover o seu lançamento nas salas de cinema. Mas, de um lado, a burocracia da Ancine hoje extrapola todos os limites suportáveis limites para filmes de baixo orçamento com o meu que custou R$ 1.100,000,00 (hum milhão e cem mil reais). E de outro, aqui no DF há uma expressa descontinuidade de incentivo para a produção. Para se ter uma ideia, o Fundo de Apoio à Cultura – FAC, está até hoje pagando editais de 2013, 2014 e 2015 nem vai existir. Passaremos forçosamente para 2016, e 2015 é um ano que não vai existir para o cinema. Fazer cinema no Brasil é mesmo um sacerdócio.