Festas clandestinas aumentam taxas de transmissão da covid-19
Jovens em aglomeração estão entre os doentes de risco nas UTIs. Fiscalização vai arrochar com aplicação de multas
“Vamos usar todos os nossos recursos para coibir essas festas que trazem problemas muito graves”, disse o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres | Foto: Renato Alves/Agência Brasília
As festas clandestinas são o mais novo foco das ações de fiscalização da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF). O endurecimento no combate a esses eventos ocorre porque eles são os grandes responsáveis pelo aumento do índice de contaminação do vírus da covid-19 do DF. Além de provocarem aglomeração em bares, residências ou galpões, essas festas escondidas são ilegais e as pessoas não cumprem os cuidados básicos para se evitar a doença.
“Nosso trabalho é fazer cumprir o decreto e a lei. Vamos usar todos os nossos recursos para coibir essas festas que trazem problemas muito graves”, enfatizou o secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, em entrevista coletiva realizada na tarde desta terça-feira (9), no Palácio do Buriti.
“Preocupa muito que jovens estejam se infectando”Gustavo Rocha, secretário da Casa Civil
Direcionar tempo, recursos e pessoal para combater especificamente as festas clandestinas no Distrito Federal têm motivos peculiares. Durante o trabalho da força-tarefa, que reúne órgãos de segurança e fiscalização durante a pandemia no DF, a Secretaria de Segurança constatou que a efetiva atuação do grupo não intimidou os realizadores de festas clandestinas e também não desmotivou o comparecimento das pessoas, a maioria jovens.
São esses jovens que, agora, estão contribuindo para aumentar o impacto da covid-19 no sistema de saúde do DF. Em ritmo alucinante, bem no estilo das festas. Levantamento apresentado durante a coletiva revelou o aumento de 25% no número de jovens infectados no país.
Para atender a essa demanda de jovens, o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, anunciou a abertura de sete leitos para pacientes de covid-19, com faixa etária abaixo de 18 anos, no Hospital da Criança de Brasília (HCB). “Preocupa muito que jovens estejam se infectando”, desabafou o secretário.
Nessa segunda-feira (9), o índice de contaminação do vírus chegou a 1,38, ou seja, cada 100 infectados podem contaminar 138 pessoas.
Toque de recolher
Com o decreto do toque de recolher das 22h às 5h, a SSP-DF informou que vai reforçar as ações para coibir o trânsito de pessoas no período. A exceção diz respeito às pessoas que estiverem indo ou voltando do trabalho, buscando farmácias ou hospitais e trabalhando em aplicativos de transporte.
No primeiro dia da vigência da nova norma, no entanto, a secretaria não registrou maiores problemas. Ao contrário, a ordem foi orientar a população. “Fizemos barreiras pela cidade para explicar o decreto às pessoas”, disse o secretário de Segurança.
A força-tarefa reúne as forças de segurança – polícias Militar (PMDF) e Civil (PCDF), Departamento de Trânsito (Detran-DF) e Corpo de Bombeiros (CBMDF) – secretarias do DF Legal, de Mobilidade, de Agricultura e de Economia, além da Vigilância Sanitária, Ibram e Procon. O grupo é coordenado pela SSP-DF.
MARLENE GOMES, DA AGÊNCIA BRASÍLIA | EDIÇÃO: FREDDY CHARLSON