A crise e as greves, por Adelmir Santana
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O Brasil vive a pior crise dos últimos 20 anos. Em um momento de profundas dificuldades políticas, econômicas e sociais, engana-se quem pensa que somente o Executivo está metido nesse atoleiro. Culpados ou não, o problema agora é de todos. E por todos, refiro-me também aos poderes Legislativo e Judiciário, aos servidores públicos, ao setor produtivo e aos demais trabalhadores. É óbvio que os responsáveis por terem enfiado o País nesse buraco devem ser responsabilizados, não se trata de ignorar isso. Mas se nós não começarmos a lidar com a crise coletivamente, ficará impossível sair dessa situação.
Não faz sentido, por exemplo, que algumas categorias do serviço público façam paralisações por reajuste em um momento em que os governos não estão conseguindo sequer arcar com a folha de pagamento atual. Isso vale tanto para o caso de Brasília, quanto para o governo federal. Não sou contra as greves, todo trabalhador tem o direito de reivindicar melhorias, mas há uma incongruência grande em querer aumento, mesmo que merecido, na hora em que o País está quebrado. De onde virá o dinheiro? A conta não fecha.
Na iniciativa privada, o governo está flexibilizando leis trabalhistas, por meio da MP 680, para que as empresas reduzam a jornada de trabalho ao invés de demitir. Por mais plausíveis que sejam as justificativas, os aumentos salariais não são viáveis. O foco é salvar os empregos. Em 2011, para sair da crise os Estados Unidos congelou o salário dos servidores por até três anos. Isso não precisa ser feito no Brasil, mas temos que refletir sobre essa postura. Da mesma forma, nenhum aumento de imposto é bem vindo antes que se faça um esforço real para reduzir os gastos públicos e os privilégios, o Congresso, a Câmara Legislativa e as demais assembleias também precisam cortar na carne e eliminar mordomias, assim como o Judiciário. Ou alguém ainda acha razoável deixar a torneira aberta enquanto está faltando água?
Adelmir Santana é presidente da Fecomercio/DF