Câmara Legislativa do DF debate com especialistas e ativistas o futuro do Ribeirão Sobradinho

    

Foto: Carlos Gandra/CLDF

A iniciativa foi do deputado João Cardoso (Avante), que chamou a atenção para o adensamento populacional que pressiona a região

Considerada um “conector ambiental” – conceito que traduz a vocação de certos espaços para servir de ligação entre ecossistemas diferentes – a área em torno do Ribeirão Sobradinho, que contorna a cidade homônima, assim como o próprio curso d’água, necessita de ações urgentes para a sua preservação. Entretanto, apesar dos vários diagnósticos, há anos se prolonga a agonia do rio. Para tentar mudar esse quadro, a Câmara Legislativa reuniu, nesta quinta-feira (20), entidades ambientalistas, gestores públicos, órgãos governamentais e especialistas para debater o futuro do ribeirão e seus afluentes.

A iniciativa foi do deputado João Cardoso (Avante), que nasceu e reside na localidade, e acompanhou as transformações do lugar, como o desparecimento de um córrego conhecido como “Geladeira” – uma referência à temperatura da água. “Hoje, virou uma lenda”, lamentou, chamando a atenção para o adensamento populacional que pressiona a região. O parlamentar recebeu apoio dos colegas Ricardo Vale (PT), também morador da cidade, e do deputado Pastor Daniel de Castro (PP), que se manifestaram a favor das propostas que visam a salvar o rio.

Uma das ideias, segundo o presidente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Rôney Nemer, é criar uma unidade de conservação ao longo do leito do ribeirão, medida em estudo. Neste ponto, Mauricio Laxe, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), secretário geral do Comitê de Bacias do Paranaíba, disse ser “preciso construir uma convergência” para que os planos voltados à preservação do rio saiam do papel. Ele também falou da pertinência de avaliação conjunta dos projetos de desenvolvimento dirigidos à localidade.
 

Águas limpas
 

Pioneiro do Projeto SOS Ribeirão Sobradinho, Raimundo Pereira lastimou “ter de chegar a uma reunião para dizer que o curso d’água corre o risco de desaparecer”, ao mesmo tempo em que discorreu sobre a relação afetiva que a população estabeleceu com o rio. “Não há manutenção nem os cuidados que deveria haver”, observou, declarando que queria legar aos seus netos “águas limpas”, que poderiam ser consumidas pelos humanos.

Ainda participaram da Comissão Geral – quando a sessão ordinária é interrompida e recebe convidados para tratar de temas de interesse da comunidade –, no plenário da Câmara Legislativa, além de membros de organizações civis voltadas à temática, representantes de órgãos como a Secretaria do Meio Ambiente, Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação, SLU, Adasa, Caesb e Emater.

Também estiveram presentes as Administrações Regionais de Sobradinho e Sobradinho II. Diego Matos, que responde por esta última, lembrou que a escolha do local para a construção de Brasília baseou-se na abundância de água da região. “Achavam que era um bem infinito, mas, sabemos que se não houver cuidado, a água vai acabar”, afirmou.

Por sua vez, Ricardo Birmann, diretor-presidente da Urbanizadora Paranoazinho, empresa detentora das terras lindeiras do Ribeirão Sobradinho, assumiu “compromisso público” para contribuir com a proposta de transformar o curso d’água em um “exemplo de conservação e recuperação”.

Marco Túlio Alencar – Agência CLDF

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