Marina Silva defende a saída da crise política pelo Tribunal Superior Eleitoral

ENTREVISTA | Marina Silva defende a saída da crise política pelo Tribunal Superior Eleitoral

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Miriam Leitão conversou com a ex-senadora sobre alternativas para pôr fim ao impasse que fraturou o país e paralisou o governo.

Na semana em que a pesquisa Datafolha mostra Marina Silva liderando as intenções de voto para as eleições presidenciais de 2018, Miriam Leitão conversa com a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente sobre a crise política, aprofundada pelos grampos telefônicos que envolvem políticos, entre eles o ex-presidente Lula. Marina aponta alternativas para pôr fim ao impasse que fraturou o país e paralisou o governo.

A porta-voz da rede Sustentabilidade e candidata a presidente nas últimas eleições tem dito que oPT e o PMDB são irmãos siameses na política. Portanto, a melhor solução para a crise passaria por novas eleições. Ela defende a saída da crise pelo TSE, com o afastamento da chapa. Marina disse ainda que a Constituição prevê o impeachment e que o impeachment não é golpe. Sobre a ida de Lula para o ministério, ela afirmou que passou a ver o ex-presidente como um combustível da própria crise, que se agravou ainda mais.

A ex-senadora disse ainda que não sabe se será candidata nas próximas eleições e destacou que a Lava-Jato está dando uma contribuição que “talvez a gente só tenha o alcance daqui a 10, 20 anos”: “O trabalho do Ministério Público, da Polícia Federal e da Justiça na pessoa do juiz Sérgio Moro é uma grande contribuição”.

Miriam Leitão: a senhora vê razões para o impeachment da presidente Dilma?

Marina Silva: O impeachment é uma realidade que está posta. Nesse momento, é um processo jurídico, mas também é um processo político. E eu tenho repetido que o impeachment não é golpe. Ele está previsto em nossa Constituição. O problema, no meu entendimento, é que ele atende à formalidade, mas não atende à finalidade. Porque se a finalidade é resolver a crise, quando chegarmos ao final, vamos nos encontrar com a outra parte que gerou a crise, que foi o PMDB.

Miriam Leitão: A senhora fiz que o PT e o PMDB são irmãos siameses. Como irmãos siameses se separam?

Marina Silva: Na crise. Eles geraram durante esses 12 anos a crise econômica, a crise política e a crise ética que o Brasil está vivendo. As decisões foram tomadas juntas. Todos eles participaram as decisões que levaram à composição das diretorias da Petrobras. Ambos estão denunciados e implicados na Lava-Jato. Você não pode achar que uma parte é o problema e que a outra parte que gerou o problema é a solução. No meu entendimento, a saída para a crise, para que de fato ela tenha efetividade, deve ser o caminho do TSE.

Miriam Leitão: A senhora será candidata nas próximas eleições?  

Marina Silva: Eu ainda não sei se serei, mas eu acho que antes até de a gente pensar quem será o candidato, é preciso devolver para o cidadão a possibilidade de reparar o erro que foi induzido a cometer, se houve de fato o uso do dinheiro da corrupção – como os fatos que estão sendo trazidos pela Lava-Jato – para as eleições.

Miriam Leitão: A senhora defende a saída da crise pelo TSE, com o afastamento da chapa. Mas o TSE tem seus tempos. Eles acham que vão conseguir votar essas ações em setembro e o Congresso está com um processo em curso, contando o tempo para que a presidente se defenda. O que a senhora sugere? Como seria na prática a busca pelo melhor caminho?

Marina Silva: Esse processo está em curso de forma enviesada, por que o presidente (da Câmara), Cunha, exatamente por ser implicado pelo PMDB e ser igualmente implicado tanto quanto pelo PT, retirou da peça do impeachment tudo que diz respeito à Lava-Jato. Deixou apenas as pedaladas, que são importantes, mas as duas coisas deveriam estar no processo. Em vez de parar o processo que está em curso, deve dar continuidade ao processo que está no TSE. Em um determinado momento, ele vai ser a resposta. E a Lava-Jato vai continuar trazendo elementos. E obviamente esses elementos indicarão que os dois partidos implicados estarão igualmente sendo julgados pelos processos judiciais.

Miriam Leitão: A presidente tem dito que há um golpe em curso no país contra a ordem constitucional. Como a senhora avalia esta declaração tão enfática da presidente?

Marina Silva: A Constituição prevê o impeachment. O impeachment não é golpe. Se não, teria sido na época do Collor. Estão alegando que os elementos que estão no processo de impeachment não caracterizam crime de responsabilidade. Existem juristas que colaboram com esta tese e outros que não colaboram, porque também atentar contra o orçamento público é crime de responsabilidade na opinião destes juristas. E o impeachment não é apenas um processo jurídico, ele é também um processo político. E os elementos que estão sendo trazidos pela Lava-Jato o tempo todo atestam que ele está se explicitando com base inclusive em questões que não estão no processo. Quanto mais a Lava-Jato traz elementos e indícios de que de fato essa corrupção foi usada para as eleições, mais se torna o imperativo ético o sentido de urgência no processo no TSE. A Constituição diz que, se houve dinheiro da corrupção, deve ser cassada a chapa da presidente e do vice-presidente. E os sete ministros do TSE estariam devolvendo a 200 milhões de brasileiros a possibilidade de uma nova escolha. E escolher sem cassar os partidos, porque todos eles poderão se apresentar. Como a realidade já está exposta na mais profunda crise, agora não há mais como pintá-la de colorido. Agora ela já se explicitou com a sua dureza de milhões de empregos sendo perdidos, de inflação alta, de juros altos, do país perdendo o grau de investimento. Tudo aquilo que foi negado durante a campanha. Hoje, a situação é tão grave que os paliativos que são tentados acabam virando combustível para a crise, como foi o caso da ida do presidente Lula para ser uma espécie de primeiro-ministro. A presidente Dilma está falando algo que não é verdade.

Miriam Leitão: Qual a sua opinião sobre Lula no Ministério?

Marina Silva: Quando a presidente Dilma o convidou, eu achava que ela estava fazendo um paliativo diante de uma crise grave, sem a capacidade de liderar o processo, chamando o presidente Lula para fazer isso por ela. Mas depois de tudo o que aconteceu, eu passei a vê-lo como um combustível da própria crise, que se agravou ainda mais. E acho que isso deveria nos servir de lição. A saída Michel Temer não é a solução.

Assista à entrevista completa no GloboNews Play.

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