PNAD COVID 19 – destaques DF em junho


Em junho, no Distrito Federal, 45,9% das pessoas ocupadas e afastadas do trabalho deixaram de receber remuneração. Entre pessoas com sintomas associados à síndrome gripal, DF teve maior aumento na procura por estabelecimentos de saúde

Indicadores de trabalho para o DF

Imagem: Pedro Jorge

        Em junho de 2020, estimava-se uma população residente, no Distrito Federal, de 3,05 milhões de pessoas. Dentre elas, 81,8% têm idade para trabalhar, ou seja, 14 ou mais de idade (2,49 milhões). Agora, na força de trabalho, estima-se 1,54 milhão, sendo que 1,34 milhão estavam ocupadas e 203 mil estavam desocupadasFora da força de trabalho, eram 952 mil. Estes são dados da PNAD COVID19 (divulgação mensal) referente a junho de 2020.

Pessoas ocupadas

Os dados de junho revelaram uma queda de, aproximadamente, 10 mil pessoas no número de ocupados no Distrito Federal, na comparação com maio. O nível da ocupação (proporção de ocupados entre as pessoas de 14 anos ou mais de idade) no mercado de trabalho brasiliense passou de 54,4% em maio para 53,7% em junho. Também houve queda de 14,7% no número de pessoas ocupadas e afastadas do trabalho, passando de 303,23 mil em maio, para 258,41 mil em junho.

           Neste último mês, 45,9% dessas pessoas deixaram de receber remuneração. Em relação ao total de pessoas ocupadas, 15,9% (214 mil), em junho, estavam afastadas do trabalho devido ao distanciamento social, contra 19,6% (266 mil) em maio.

Já no número de pessoas ocupadas e não afastadas do trabalho, houve aumento de 34,65 mil entre os meses considerados. Eram 1,05 milhão em maio, passando para 1,08 milhão em junho. Neste último mês, em relação ao total da população ocupada e não afastada do trabalho, no DF, 25,8% (280mil) estavam trabalhando de forma remota, destacando-se com o maior percentual entre todas as Unidades da Federação (UF).

            Ainda em relação ao total da população ocupada e não afastada do trabalho, 23,9% (259 mil) afirmaram, em junho, ter trabalhado menos do que em sua jornada habitual, enquanto o registro de maio foi de 274 mil. Já as pessoas que afirmaram ter trabalhado mais do que em sua jornada habitual, foram 64 mil em junho (23,9%) e 62 mil em maio (26,1%).

Em junho, a pesquisa revelou que o número médio de horas efetivamente trabalhadas em todos os trabalhos foi de 30 horas, contra as 40 horas, em média, das horas normalmente trabalhadas em todos os trabalhos. A proxy de subutilização da força de trabalho em junho foi de 413 mil pessoas, com aumento em relação a maio (406 mil pessoas).

Em junho, no DF, foram registrados 369 mil ocupados na informalidade, frente a 383 mil registrados em maio (redução de 3,65%). Quanto ao percentual de trabalhadores informais (proxy) na população ocupada, 27,5% estavam nesta situação em junho, conferindo ao DF a terceira menor taxa do país.

As pessoas foram classificadas como trabalhadores informais quando eram ocupadas como: empregado do setor privado sem carteira; trabalhador doméstico sem carteira; empregador que não contribui para o INSS; trabalhador por conta própria que não contribui para o INSS e trabalhador não remunerado em ajuda a morador do domicílio ou parente.

Pessoas desocupadas

Foi observado um aumento de 26 mil pessoas desocupadas no DF, entre maio e junho, subiu de 177 mil para 203 mil pessoas desocupadas. A taxa de desocupação teve aumento de 1,57 ponto percentual, subindo de 11,6% para 13,1% entre os meses de maio a junho (10° maior entre as UF’s e empatando com Goiás na Região Centro-Oeste).

Pessoas fora da força de trabalho

          Foram observados 952 mil pessoas fora da força de trabalho no DF, em junho, com redução de 3 mil pessoas em relação ao mês anterior, o que pode significar que uma parte das pessoas fora da força de trabalho voltaram a pressionar o mercado, procurando emprego.

Houve redução do percentual de pessoas não ocupadas que não procuraram trabalho por conta da pandemia ou por falta de trabalho na localidade: 24% em maio para 22,1% ou 210 mil pessoas em junho (redução de 1,87 p.p.). E aumento para aqueles que não procuraram trabalho em junho, mas informou que gostaria de trabalhar: 27,3% em maio e 28,2% ou 325 mil pessoas em junho (aumento de 0,96 ponto percentual).

            É importante destacar que essas pessoas que gostariam de trabalhar, mas não procuraram emprego devido à pandemia, devem ser consideradas em termos de políticas públicas para os desempregados/desocupados do Distrito Federal, pois elas fariam pressão no mercado de trabalho se não houvesse o isolamento social. Somando os desocupados e essas pessoas teríamos um total de 413 mil pessoas pressionando para entrar no mercado de trabalho no Distrito Federal.

Figura 1 – Pessoas residentes em relação à sua situação no mercado de trabalho (mil pessoas) – Distrito Federal – junho de 2020.

Fonte: Dados PNAD COVID 19, mês de junho de 2020.

*As setas indicam se houve aumento ou diminuição em relação ao mês de maio, mesmo que pequenas. Não foram feitos testes de significância estatística.

Rendimento e auxílios emergenciais

               O rendimento real domiciliar per capita médio efetivamente recebido de junho (R$ 2.146,00), no DF, apresentou pequeno aumento em relação a maio (R$ 2.117,00), permanecendo como maior no ranking entre os estados. Já os domicílios que receberam algum tipo de auxílio emergencial tiveram um rendimento real domiciliar per capita médio de R$ 951,00, com aumento em relação a junho que foi R$871,00.

          A proporção de domicílios que receberam algum auxílio relacionado à pandemia aumentou no DF em junho com relação a maio. Subiu de 28,0% para 32,8% (4,81 pontos percentuais), abaixo da média nacional de 43,0% e a 3° unidade da federação com menor percentual da população que recebeu algum auxílio, atrás de Santa Catarina (23,8%) e Rio Grande do Sul (27,7%). Entre os auxílios estão o Auxílio Emergencial1 e a complementação do Governo pelo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda2. A média do rendimento proveniente do auxílio emergencial recebido pelos domicílios (R$) foi de 838, em junho. Com aumento de R$ 58,94 em relação a maio e abaixo do valor médio para o Brasil de R$ 881.

               Já o rendimento para os domicílios em que alguém recebeu seguro-desemprego foi de R$ 1.182,00, para os domicílios em que alguém recebeu Bolsa Família foi de R$ 655,00 e para dos domicílios em que alguém recebia BPC Loas foi de R$ 880,00.

Houve queda nos rendimentos normalmente recebidos, no mês de junho, para 401 mil pessoas residentes no DF (30% do total de pessoas ocupadas), com pequena redução em relação a maio (418 mil pessoas ocupadas ou 4,4%). Por outro lado, 27 mil pessoas tiveram seus rendimentos acima do normalmente recebido (2% do total de pessoas ocupadas), com pequeno aumento em relação a maio (22 mil pessoas ocupadas ou 1,6%).

            Em junho, no DF, a massa de rendimentos normalmente recebidos de todos os trabalhos das pessoas ocupadas foi de 5.289 milhões de reais (10° lugar entre as UF’s). Já a massa efetivamente recebida foi de R$ 4.762 milhões (9° lugar entre as UF’s).

Indicadores de saúde para o DF

             No Distrito Federal, no mês de junho, a PNAD COVID19 estimou que 241 mil pessoas apresentaram algum dos sintomas associados à síndrome gripal – febre, tosse, dor de garganta, dificuldade para respirar, dor de cabeça, dor no peito, náusea, nariz entupido ou escorrendo, fadiga, dor nos olhos, perda de olfato ou paladar e dor muscular –, uma proporção de 7,9% e queda de 2,2 pontos percentuais em relação a maio (10,1%).

            O percentual do DF estimado para junho ficou ligeiramente acima da média do Brasil (7,3%) e também acima da média da região Centro-Oeste (6,4%). Em maio, a média do Brasil era de 11,4% e a do Centro-Oeste de 7,3%.

Em comparação com as Unidades da Federação (UFs), o DF passou do 16º lugar, em maio, para o 14º lugar, em junho, na proporção de pessoas com algum dos sintomas. As maiores quedas de maio para junho foram registradas no Amapá (de 26,6% para 13,5%), no Pará (de 21,3% para 9%) e no Amazonas (de 18,9% para 8,5%). Mato Grosso e Rio Grande do Norte foram os únicos estados que registraram pequena diferença positiva, equivalente a 0,6 e 0,5 ponto percentual, respectivamente.

            Entre as pessoas do DF que apresentaram algum dos sintomas, estima-se que 28,1% (68 mil) foram a algum estabelecimento de saúde (postos de saúde, equipe de saúde da família, UPA, Pronto Socorro ou Hospital do SUS ou, ainda, ambulatório/consultório, pronto socorro ou hospital privado) em junho, um aumento de 12,4 pontos percentuais em comparação com o mês anterior.

           No Brasil, a proporção foi de 19,2% em junho, um aumento de 3,5 pontos percentuais em relação a maio. Em comparação com as Unidades da Federação, o DF teve a terceira maior proporção de pessoas que apresentaram algum dos sintomas e foram a estabelecimento de saúde em junho, com 28,1%, atrás do Mato Grosso (29,7%) e de Roraima (29,5%). Todos os estados – exceto o Amapá, que teve queda de 4,6 pontos percentuais – registraram aumento do indicador, mas o DF foi a UF com maior diferença entre os dois meses (12,4 p. p., como já mencionado).

           Quando observados os sintomas conjugados, ou seja, aqueles que podem estar mais associados à presença da Covid-19 (perda de cheiro ou de sabor; ou tosse e febre e dificuldade para respirar; ou tosse e febre e dor no peito), a estimativa foi de 41 mil pessoas em junho, ou 1,4% da população. Em relação a maio (0,8%), houve um aumento de 0,6 ponto percentual. No Brasil, de maio para junho, houve queda de 2% para 1,1% no percentual de pessoas com sintomas conjugados. A região Centro-Oeste foi a única a registrar aumento desse indicador, que foi de 0,4% para 0,9%.

            Em comparação com as Unidades da Federação, o DF passou do 17º (maio) para o 13º lugar na proporção de pessoas que apresentam os sintomas conjugados. As maiores quedas de maio para junho também foram registradas no Pará (de 10,1% para 3,2%), no Amapá (de 12,4% para 5,6%) e no Amazonas (de 8,8% para 3,7%). Roraima e Rio Grande do Norte foram os únicos estados com crescimento maior que um ponto percentual.

            Entre as pessoas que apresentaram algum dos sintomas referenciados conjugados em junho, no DF, o percentual estimado de procura por estabelecimento de saúde foi de 69,2% (29 mil), um aumento de 29 pontos percentuais em comparação com o mês anterior. No Brasil, o indicador passou de 31,3% para 43%.

            A proporção mencionada faz do DF o estado em que as pessoas com sintomas conjugados mais procuraram estabelecimento de saúde em junho, seguido do Mato Grosso (68,7%) e de Santa Catarina (67,8%). Quando avaliada a diferença de um mês para o outro, o DF teve o quarto maior aumento para o indicador (29 p. p.), atrás de Santa Catarina (34,8 p. p.), Mato Grosso (31,9 p. p.) e Paraná (30,7 p. p.).

Fonte: IBGE – PNAD COVID19 – junho 2020.

A PNAD COVID19 também perguntou se os entrevistados tinham algum plano de saúde médico. Para a questão, estima-se que, 37,5% (1,1 milhão) das pessoas residentes no Distrito Federal possuíam plano de saúde – em maio, a proporção era 37,9%. Para o indicador, todas as Unidades da Federação registraram diferença negativa em relação ao mês anterior. A média de pessoas com plano de saúde no Brasil foi de 27,1% em junho.

Entre os cerca de 974 mil domicílios do DF, estimou-se que 29 mil tinham ao menos um morador com os sintomas referenciados conjugados. E desses, 27,1% (7.807) contavam com ao menos um morador idoso. Em 27,3% (266 mil) do total de domicílios do DF havia a presença de algum idoso.

1 Benefício financeiro destinado aos trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados, e tem por objetivo fornecer proteção emergencial no período de enfrentamento à crise causada pela pandemia do Coronavírus – COVID 19.

2 Programa que permite a redução de salário e jornada por até três meses, e a suspensão de contratos por até dois meses.

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