Espiritualidade em tempos de pandemia

Ana Paula Ladeira (*)

Angústias, medos, incertezas, fadigas e outras mazelas sempre acompanharam a vida do ser humano. No ano de 2020, fomos surpreendidos por uma pandemia que colocou uma lupa nestas questões emocionais; por conseguinte, o que era moléstia para alguns, tornou-se o drama de todos. A humanidade começou seu calvário, tendo como algoz o próprio processo de desumanização.

Nesse contexto tão avassalador para nosso século, será que a fé traz algum conforto? Uma vivência cristã, pautada nos valores ensinados por Jesus nos evangelhos, pode mudar uma realidade tão cruel?

Com essas e outras tantas indagações próprias da capacidade reflexiva de cada ser humano podemos juntos, e sem muito esforço intelectual, chegar a algumas contundentes conclusões, que serão base para novas e mais profundas reflexões. Afinal, somos seres pensantes.

Vamos pautar esta reflexão com embasamento na história do povo de Deus, que deu início a um caminho de fé para todos nós. O povo de Israel sempre fez memória da dura experiência vivida no deserto. Essa lembrança é fonte de esperança e nos ajuda a fortalecer a fé em todo e qualquer tempo.

“Ele conduziu seu povo através do deserto, porque sua misericórdia é eterna.” (Sl.135,16)

Dessa constatação, surge a necessidade de ter fé e praticar a religião neste tempo de pandemia. A certeza de que Deus conduz todas as coisas com misericórdia nos alenta e impulsiona a uma atitude positiva diante de notícias tão avassaladoras e números alarmantes que envolvem caos e mortes.

Não se trata, porém, de uma fé que só se expressa nos templos, mas, sobretudo, de uma fé que move a vida e nos torna responsáveis e defensores da mesma, ainda que isto custe a liberdade de ir e vir, sem que tal circunstância nos impeça de sentir a condução de Deus em nossos atos e orações.

O Papa Francisco nos revela, com a ternura que lhe é peculiar: “Sabemos que as coisas vão melhorar na medida em que, com a ajuda de Deus, trabalharemos juntos para o bem comum, colocando no centro os mais fracos e desfavorecidos. Não sabemos o que 2021 vai nos reservar, mas o que cada um de nós e todos nós juntos podemos fazer é de nos comprometer um pouco mais a cuidar uns dos outros e da Criação, a nossa Casa Comum”.

Um homem de fé vive amparado na certeza daquilo que ainda não pode ver. Ele toma o exemplo dos santos homens e mulheres da Bíblia que superaram grandes infortúnios e apresenta a Deus suas súplicas, alicerçando-se na expressão do amor do Senhor, que é a própria misericórdia.

O profeta Isaías nos encoraja a continuar na certeza de que “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou nossos sofrimentos”. (Is.53,4)

A religião não nos desliga das dores e dos sofrimentos destes dias, no entanto, suscita uma profunda conexão com a espiritualidade e essa nos ajuda a superar e vencer dores e sofrimentos. Muitos podem imaginar e, até mesmo, divulgar em suas redes sociais que a religião é ópio para o povo. Todavia, a própria ciência revela, em inúmeros estudos e publicações, que existe um forte indício positivo entre o movimento religioso e uma boa saúde mental, onde a espiritualidade alicerça as crenças e as convicções as quais concedem ao homem a compreensão não apenas de si próprio, mas também do mundo ao seu redor, bem como, ainda, corroboram para a melhora da qualidade de vida e para a saúde física e mental. Igualmente, a espiritualidade e a religiosidade também podem colaborar para a aceitação do sofrimento, promoção da satisfação pessoal e para alavancar o otimismo, a esperança e minimizar a tristeza e a depressão.   

Por conseguinte, é essencial que para além dos cuidados sanitaristas que todos precisam adotar em meio à pandemia COVID-19, há de se cuidar muito bem da mente, evitando seu adoecimento. 

A leitura dos livros sagrados e até de um bom livro inspirado pelo Espírito Santo é grande auxílio para nós na manutenção da fé, neste momento de angústias coletivas.

Nessa premissa, tive a oportunidade de publicar uma obra nesse período de pandemia, a “Casa do Triunfo”. A leitura desse livro, que é a memória dos fatos ocorridos em uma peregrinação de oito mulheres ao Santuário de Fátima, tem proporcionado aos leitores uma experiência confortante e, ao mesmo tempo, motivadora para as lutas cotidianas. Sob os cuidados da Virgem Maria, as peregrinas, na expressão da fé católica, encontram refúgio e promessa de triunfo diante de realidades materiais e espirituais.

(*) Ana Paula Ladeira – Trabalha na área de educação, sendo graduada em Pedagogia e Ciências Contábeis. É atuante na Paróquia São José do Avahy, localizada em sua cidade natal, participando de retiros e formações como pregadora. Em 1995, foi agraciada com as aparições de Nossa Senhora Mãe do Infinito Amor – acompanhada e aprovada pela diocese local. Desde 1996 conduz os encontros mensais no Santuário Mãe do Infinito Amor por meio de orações e pregações. Em 2019, teve a oportunidade de iniciar uma peregrinação ao Santuário de Fátima e recebeu de Nossa Senhora o pedido para escrever essa obra, com relatos de suas experiências místicas como uma forma de ajudar as pessoas no desenvolvimento da espiritualidade e da consciência de que somos todos peregrinos rumo à Casa do Triunfo. Autora do livro “Casa do Triunfo”, pela Literare Books International.

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