Após dois anos de silêncio, Clube do Choro reabre com apoio da Setur para realizar o 2º Encontro Internacional de Choro

As restrições à realização de eventos alteraram os planos para o 2º Encontro Internacional de Choro – EICHO 2022, mas com a flexibilização dos protocolos sanitários e o apoio da Secretaria de Turismo do DF, o Clube do Choro de Brasília finalmente reabriu as portas na noite da última terça-feira, 19, e vai até o domingo, 24, com uma rica programação musical, oficinas, rodas de choro e concertos, reunindo alunos e professores, além da participação de representantes do Choro da cidade de Roma, de Bologna, de Paris, de Viena, de Roterdã e, claro, de Brasília.

Maestro Spok e o Quarteto Face Musical Foto: Renato Braga – Setur/DF

Com 30 anos de existência, o Clube do Choro se transformou em um dos principais ícones culturais de Brasília. De um lado, procura revitalizar e difundir a obra de grandes compositores nacionais, como Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Villa-Lobos e muitos outros. Do outro, investe na formação de novos instrumentistas e criadores musicais e explora novas experiências estéticas, procurando nexos, por exemplo, entre o choro e outros ritmos (samba, bossa nova, jazz e até música pop).

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Casa cheia na reabertura do Clube do Choro Foto: Renato Braga – Setur/DF

“O papel da música do Clube do Choro e da Escola de Choro Raphael Rabello, primeira do gênero no Brasil, é valorizar a nossa cultura e formar uma nova geração de músicos,” define Henrique Lima Santos Filho, mais conhecido como Reco do Bandolim. Desde sua criação, Brasília mantém um vínculo estreito com o choro. Este gênero, além de ser considerado o estilo musical que mais expressa, de forma autêntica, a música instrumental brasileira, é conhecido por ter sido o pontapé inicial para a criação da MPB.

Em 2008, o Clube de Choro de Brasília foi tombado Patrimônio Imaterial de Brasília, consolidando, desta forma, a relevância do espaço destinado ao Choro, mas, sobretudo pelo destaque de artistas como Hamilton de Holanda e Gabriel Grossi, que estão exportando a música feita em Brasília para o Brasil e o mundo.

Para o talentoso cavaquinista Márcio Marinho, “o Clube do Choro é uma das mais antigas instituições da atualidade, e representa um marco na história da Música Popular Brasileira, pois atua na formação de novos instrumentistas, valoriza a cultura e a música instrumental brasileira”, assim como ocorreu com ele mesmo em 1999. Márcio conta, com muito orgulho, que a bolsa de estudos que conseguiu com Reco do Bandolim na Escola de Choro Raphael Rabello, quando ainda fazia parte do grupo Novos Chorões foi um divisor de águas em sua trajetória, recebeu aulas de Jorge Cardoso (bandolim) e Rogério Caetano (violão). E, hoje, ministra aulas na mesma escola, ensina uma nova geração de músicos a arte de tocar cavaquinho de duas, quatro ou seis cordas.

Maestro Spok, Vanessa Mendonça, Reco do Bandolim e Maria Aparecida Foto: Renato Braga – Setur/DF

Mesmo com tantas histórias de sucesso, formação de artistas renomados e de valorização da cultura do choro entre as novas gerações, o Clube já apresenta sinais de que precisa de um cuidado especial e de reparos sérios e urgentes. Reco do Bandolim argumenta que, “o apoio da Secretaria de Turismo do DF foi fundamental, não só para realização do EICHO 2022, mas principalmente porque a Setur/DF entende a relevância do Clube do Choro para cultura brasileira e, com isso, nós ganhamos um novo fôlego e estamos desfrutando de música de qualidade”, destaca. Reco, fez questão de ressaltar que a presença da amiga e ex-secretária de Turismo Vanessa Mendonça, na abertura das atividades do Clube é fundamental, porque “foi na gestão dela, que todas as coisas começaram a se movimentar para que conseguíssemos abrir dignamente as nossas portas para receber novamente o público”, finaliza agradecido.

PATRIMÔNIO NACIONAL

O Clube do Choro foi criado por chorões da velha guarda carioca, que haviam mudado para Brasília junto com tantos outros funcionários públicos do Rio de Janeiro. “Vários funcionários da Rádio Nacional, seduzidos pelas oportunidades de emprego, vieram para Brasília. E aqui, no meio dessa terra de ninguém, acabavam aquecendo os corações em rodas de choro”, conta Reco.

A primeira edição do EICHO aconteceu em 2019. As atividades foram retomadas em 2022 com a proposta de realizá-lo anualmente, a exemplo dos cursos e temporadas de verão tradicionalmente oferecidos pela Escola de Choro Raphael Rabello. O objetivo é fomentar a cena local da música instrumental, promovendo conexões entre talentos brasilienses, pesquisadores, professores e produtores da música popular e instrumental do mundo todo.

Nesta edição, o projeto gerará 200 empregos diretos e 400 indiretos, num momento em que a pandemia ainda assola o setor artístico. Esta é uma das muitas atividades que movimentam o Clube do Choro, casa da música instrumental brasileira há mais de quatro décadas.

Virtualmente, o EICHO conta com mesa redonda com o tema “O Choro pelo Mundo”. Apresentada no domingo (dia 30), às 10h, a atividade reúne representantes de Clubes de Choro em Roma, Bologna, Paris, Viena, Roterdã e, claro, Brasília. Entre os convidados estão Henrique Neto do Clube do Choro de Brasília, Maria Inês Guimarães, pianista e diretora artística do Clube do Choro de Paris, Marijn van der Linden, da EPM Holanda em Roterdã, Giovanni Guaccero de Roma, Barbara Piperno e Marco Ruviaro de Bologna, e Étienne Clément de Viena. A mesa on-line será transmitida via Zoom. Para participar, acesse o site www.cluedochoro.com.br/live e inscreva-se.

Diariamente, além dos shows já mencionados, o EICHO programa entre 12h e 14h um Almoço Musical com apresentações de alunos e professores da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello. No domingo, a atividade acontece entre 12h e 15h.

PROGRAMAÇÃO

Sexta (22/04)

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  *   10h às 12h: Oficinas de Pandeiro com Larissa Umaytá, Flauta com Sérgio Morais, Canto Popular com Paula Santoro (MG), Vilão 7 Cordas com Fernando César, Violão 6 cordas com Daniel Santiago e Cavaquinho com Márcio Marinho.
  *   12h às 14h: Almoço no Café Musical com apresentação dos alunos da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello
  *   14h30 às 15h30: Choro Talks com Choro Prosa
  *   16h às 17h30: Práticas de Conjunto com Junior Viegas e Ariadne Paixão
  *   20h: Show no Clube do Choro: Choro Prosa

Sábado (23/04)

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  *   10h15 às 12h: Apresentação dos alunos participantes das oficinas.
  *   12h às 15h: Almoço no Café Musical com roda de samba
  *   16h30 às 18h: DJ Tamara Maravilha
  *   18h30: Show de Guinga com participação das cantoras Paula Santoro e Joana Duah
  *   20h: Show de Nilze Carvalho com o grupo Choro Livre
  *   21h30: Show de Nicolas Krassik e Gian Correa (França/Brasil)

Domingo (24/04)

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  *   10h: Mesa Redonda online: O Choro pelo Mundo (com idealizadores de projetos e profissionais ligados ao choro em Brasília, Roma, Bologna, Paris, Viena e Roterdã).
  *   12h às 15h: Almoço no Café Musical
  *   16h30 às 18h: DJs Pezão e Barata
  *   18h30: Show Sabor de Cuba
  *   20h: Show de Reco do Bandolim e o grupo Choro Livre
  *   21h30: Show de Ellen Oléria

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